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Banca francesa vai continuar a crescer ensombrada pela incerteza política e com RoTE de 6%
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Beneficiando de um ambiente de reajustamento de taxas de juro e da diversificação dos seus negócios, os bancos em França terão de, simultaneamente, lidar com uma instabilidade política global e local que tenderá a retrair o investimento no decorrer do ano.
28 Fev 2025 - 07:05
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Foto: Pexels
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Depois de um ano de 2024 com bons resultados para a banca francesa, como atestam os lucros de dois dos seus maiores bancos – o BNP Paribas registou 11,7 mil milhões de euros de lucro e o Société Générale 4,2 mil milhões de euros – o setor bancário no país vai continuar a crescer em 2025. Porém, de forma mais modesta. Assim o prevê a S&P Global no seu relatório “Perspetivas da Banca Francesa 2025 – Incerteza política turva o clima de negócios”.
Os bancos franceses devem apresentar uma melhoria na rentabilidade nos próximos anos, impulsionada pelas carteiras de empréstimos. Além disso, a diversificação dos modelos de negócios e a redução dos custos de depósitos devem sustentar as receitas do setor bancário. No entanto, o cenário macroeconómico e político apresenta desafios que podem afetar o ritmo de recuperação do setor. “Esperamos que a rentabilidade dos bancos franceses melhore, pois as carteiras de empréstimos originadas quando as taxas de juros estavam baixas continuam a ser reajustadas, os modelos de negócios diversificados dos bancos e a redução dos custos de depósitos sustentam a receita e o nosso cenário base pressupõe que a deterioração dos custos de crédito permanecerá modesta”, escrevem os analistas Nicolas Malaterre e Nicolas Poirier no documento.
A atividade económica permanecer “modesta” dependerá muito da nova administração dos EUA, da liderança da União Europeia neste clima de instabilidade crescente e das posições orçamentais francesas. Cenários que poderão contribuir para “abrandar o consumo, o investimento, o crescimento económico e, em última análise, a concessão de crédito e as receitas bancárias”, escrevem os analistas.
Crédito estabiliza e malparado aumenta
De acordo com o relatório, o crescimento do crédito deve estabilizar em cerca de 2,5% a partir deste ano. Apesar da expectativa de um leve aumento nos ativos não produtivos, a deterioração da qualidade dos ativos deverá ser contida. A projeção indica que os ativos domésticos de devedores em incumprimento (malparado) representarão 2,8% do total dos ativos domésticos até ao final de 2025, um pequeno acréscimo em relação aos 2,7% estimados para 2024.
Assim, estimam os analistas, embora as perspetivas de rentabilidade dos bancos franceses sejam favoráveis, os riscos operacionais estão também a aumentar. A turbulência nos mercados financeiros e o alto nível de endividamento público reduzem a capacidade de o Governo oferecer suporte económico, caso necessário. Além disso, a diferença de rentabilidade entre os bancos franceses e seus pares europeus poderá manter-se, especialmente se o crescimento económico for inferior ao esperado, retardando a recuperação do volume de novos empréstimos.
RoTE abaixo dos bancos em Portugal e Espanha
A S&P prevê que a banca francesa fique aquém dos seus pares europeus, com uma rendibilidade média do capital próprio (RoTE- Retorno sobre o Capital Tangível) dos grandes bancos a situar-se nos 6%. Em termos comparativos, podemos ver que, em Portugal, o BPI apresentou em 2024 um RoTE de 18,2% e o BCP de 14,4%. Em Espanha, o CaixaBank alcançou um RoTE de 18,1%, o Santander registou 16,3% e o BBVA alcançou um RoTE de 19,7% em 2024.
“Os riscos para as operações dos bancos franceses estão a aumentar. A turbulência nos mercados e a elevada dívida pública reduzem a capacidade de assistência económica, se necessário. A diferença de rentabilidade dos bancos franceses em relação aos seus pares europeus persistirá em caso de crescimento económico inferior ao previsto e atrasará a recuperação do volume de novos empréstimos”, estimam os autores do relatório.
Um ponto positivo para os bancos franceses é a sua estrutura de financiamento estável e diversificada. Essa configuração, segundo a análise, confere maior flexibilidade para adaptar os seus planos de financiamento e mitigar pressões de custo.
Diante desse panorama, os bancos franceses enfrentam um cenário misto: por um lado, a perspetiva de aumento dos lucros e uma estrutura financeira sólida, provando a sua resiliência; por outro, desafios macroeconómicos e riscos políticos que podem afetar a expansão do crédito e a recuperação do setor.
A capacidade de adaptação a esses desafios será determinante para o desempenho do setor bancário nos próximos anos, conclui a análise.
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