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Bancos dizem que o euro digital “não oferece valor acrescentado” e falam em “reinvenção da roda”

O Jornal PT50 teve acesso à carta que 14 bancos europeus enviaram às autoridades. Pedem uma política de autonomia estratégica nos pagamentos e dizem que o euro digital apenas servirá para expandir soluções fora UE, como a PayPal ou Apple Pay

10 Nov 2025 - 07:15

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Foto: Freepik

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Aumenta a contestação do setor bancário à criação do euro digital. O Jornal PT50 teve acesso à carta que 14 grandes bancos europeus enviaram às autoridades comunitárias, onde denunciam o erro que consideram ser a criação do euro digital em detrimento do investimento num sistema de pagamentos imediatos, tanto para consumidores como para comerciantes, em toda a União Europeia, abrangendo todos os casos de uso de pagamentos a retalho.

As entidades chamam a atenção para o facto de já existirem soluções de pagamento imediato em funcionamento em vários países da UE, e de que a sua expansão a toda a zona euro seria muito mais rápida e eficaz do que a criação do euro digital, prevista apenas para 2029.

A solução, segundo aquelas instituições, passaria pela “criação de uma parceria público-privada concreta, complementando o Regulamento dos Pagamentos Imediatos (agora aplicável a todos os prestadores de serviços de pagamento europeus) com a aceitação obrigatória de pelo menos uma solução europeia de pagamentos imediatos a retalho (POS e comércio eletrónico)”.

Os bancos signatários afirmam que a criação do euro digital não oferece qualquer valor acrescentado aos consumidores e que, “em vez de responder ao domínio crescente de soluções estrangeiras como PayPal, Apple Pay ou Alipay, o euro digital a retalho pode acabar por servir de plataforma para a sua expansão junto dos cidadãos europeus”.

Referem ainda que “qualquer solução para o euro digital a retalho é improvável de apoiar os Estados-Membros da UE fora da zona euro na sua trajetória rumo à autonomia estratégica, e não responde ao papel emergente das stablecoins em dólares. Estas limitações justificam uma reflexão adicional sobre a forma como o euro digital a retalho pode complementar e reforçar o ecossistema existente, evitando ‘reinventar a roda’”.

As entidades que assinam a carta fazem parte da European Payments Initiative (EPI) e estão a desenvolver a solução Wero. Segundo referem, “o Wero já está operacional para pagamentos P2P (de pessoa para pessoa) na Bélgica, França e Alemanha, e, após um ano, serve 45 milhões de cidadãos. As funcionalidades de comércio eletrónico e ponto de venda (POS) estão a ser progressivamente lançadas até ao final de 2025 e 2026, com migrações significativas planeadas — pelo menos 15 milhões de consumidores provenientes do iDEAL (Países Baixos) e do Payconiq (Luxemburgo)”.

Acrescentam ainda que “para expandir o alcance do Wero na Europa, a EPI está a envolver-se com novos mercados e a criar parcerias centrais de interoperabilidade com soluções nacionais como o Bizum (Espanha), o Bancomat (Itália), o SIBS MB Way (Portugal) e o Vipps MobilePay (Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia)”.

O pedido às autoridades europeias vai no sentido de “reconsiderar o projeto do euro digital a retalho, uma vez que, no seu formato atual, não assegura a autonomia estratégica e corre o risco de duplicar soluções existentes, criar ineficiências e enfraquecer iniciativas europeias promissoras antes de atingirem escala”.

“O euro digital a retalho deverá ser implementado potencialmente em 2029, enquanto a UE enfrenta um desafio de soberania agora. Soluções privadas como o Wero já estão operacionais e, através da interoperabilidade, têm condições para alcançar esse objetivo mais cedo”, concluem as instituições signatárias.

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