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“Bancos têm que ser responsáveis pelos seus algoritmos”
Governador do Banco de Portugal diz que “os modelos de avaliação baseados em inteligência artificial não podem ser caixas negras”, nem excluir clientes por “enviesamentos na avaliação do risco de crédito”
23 Out 2025 - 16:41
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Foto: Banco de Portugal
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Foto: Banco de Portugal
O governador do Banco de Portugal lançou nesta quinta-feira um sério aviso aos bancos a propósito da progressiva digitalização dos serviços financeiros. “Os modelos de avaliação baseados em inteligência artificial não podem ser caixas negras. É essencial que as instituições se responsabilizem pelo adequado funcionamento dos algoritmos, monitorizem permanentemente os seus resultados e garantam a possibilidade de verificação pelo supervisor” disse Álvaro Santos Pereira durante a intervenção de abertura do 10º Fórum para a Supervisão Comportamental Bancária que se realiza em Lisboa.
Abordando a temática da transformação digital, e como este processo tem alterado a relação dos consumidores com os serviços bancários, aquele responsável exemplificou: “há alguns anos, as operações bancárias no retalho eram quase todas feitas nas agências bancárias. Hoje, muitas destas operações realizam-se com os nossos telefones e computadores”, acrescentando, “esta transformação, que ganha uma nova dimensão com a integração progressiva da inteligência artificial, traz benefícios inequívocos — não só em termos de conveniência e personalização dos produtos, mas também de inclusão e acessibilidade”.
No entanto o governador bordou igualmente as ameaças que a digitalização pode trazer ao afirmar: “a progressiva digitalização dos mercados bancários de retalho traz ainda riscos de exclusão de determinados segmentos da população — não apenas daqueles com menos competências digitais, mas igualmente daqueles que, confiando excessivamente nas suas competências digitais, descuram os riscos associados”. E realçou o perigo que pode existir na exclusão de clientes decorrente “dos enviesamentos nos algoritmos utilizados na avaliação do risco de crédito”.
Outro tema abordado por Álvaro Santos Pereira foi o do sobre-endividamento. No mesmo dia em que se conheceram os níveis crescentes de endividamento das famílias, o governador do Banco de Portugal afirmou que “apesar do contexto macroeconómico favorável, persistem riscos que não devem ser ignorados. O acesso ao crédito deve pressupor a capacidade financeira dos mutuários e o cumprimento das recomendações macroprudenciais”, acrescentando “adicionalmente, as instituições devem dispor de mecanismos que permitam monitorizar permanentemente o risco e prevenir ou regularizar tempestivamente situações de incumprimento”.
“Para ultrapassarmos os desafios que hoje se colocam, é essencial garantir mercados bancários de retalho simultaneamente inovadores e eficientes, mas também transparentes e equilibrados”, diz Álvaro Santos Pereira. O governador refere que “as instituições devem colocar o cliente no centro das suas preocupações, concebendo e comercializando produtos e serviços com um verdadeiro compromisso com os seus interesses, objetivos e características”.
Para o supervisor “as instituições que olham para os clientes como um ativo estratégico não só estabelecem uma relação mais equilibrada com estes como fortalecem a sua própria posição e reforçam a confiança no mercado e no sistema financeiro”.
O governador adiantou que o Banco de Portugal está a iniciar o processo de planeamento dos objetivos estratégicos para o período 2026–2030 e quer contar com os contributos de todos os agentes do setor financeiro.
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