O governador do Banco de Espanha, José Luis Escrivá, afirmou esta terça-feira que o projeto do euro digital “em caso algum” irá substituir os depósitos bancários e que as instituições financeiras “terão em grande medida o monopólio” da distribuição das carteiras onde serão acumulados os euros digitais.

Escrivá abriu o 5º Observatório Financeiro organizado pelo jornal El Español-Invertia, no qual centrou o seu discurso no euro digital e salientou que os bancos “estão preocupados” com uma possível deslocação dos depósitos para o euro digital. “Em caso algum, e surpreende-me que isto esteja a ser levantado, vamos construir e desenvolver algo que corroa” a estabilidade, a solvência e a liquidez dos bancos, disse Escrivá em declarações, segundo avança o El Economista.

Escrivá disse que o euro digital terá “limites” e “os bancos beneficiarão” com isso. O governador explicou que se trata de um projeto “para reforçar a autonomia da Europa” e a intermediação de pagamentos por instituições europeias, uma vez que 70% dos pagamentos com cartão são feitos com marcas não europeias e os novos meios que surgiram, como o Google Pay e o Apple Pay, também não são europeus.

O responsável do Banco de Espanha sublinhou que o euro digital permitirá que os pagamentos sejam feitos pessoa a pessoa, no comércio físico, no comércio eletrónico e em toda a zona euro “sem quaisquer restrições”, ao contrário do que acontece atualmente. Escrivá citou o caso do Bizum, que é muito utilizado em Espanha, mas que não permite efetuar pagamentos em toda a zona euro.

O governador sublinhou ainda a aceitação “generalizada” que teria na zona euro e a gratuitidade para todos os cidadãos.