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Josep Oliu: “Nos últimos três dias estávamos convencidos que haveria uma segunda OPA”
Presidente do banco Sabadell comentou o falhanço do BBVA em querer controlar a instituição catalã, e defende que não existem “sinergias claras” para fusões transfronteiriças em termos europeus.
21 Out 2025 - 13:16
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Josep Oliu, presidente do Banco Sabadell | Foto: Sabadell
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Josep Oliu, presidente do Banco Sabadell | Foto: Sabadell
O presidente do Sabadell admitiu nesta terça-feira que a OPA hostil do BBVA falhou por causa do preço e revelou que a administração do banco que lidera estava convencida de que a operação poderia ser bem-sucedida. Josep Oliu afirmou que “existiam as condições” para a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do BBVA para controlar o Sabadell ser bem-sucedida com um preço superior.
“Se alguém no futuro quiser fazer uma OPA hostil tem de saber que, para ganhar, deve superar substancialmente o valor atribuído pelo mercado” à entidade que se quer absorver, afirmou o presidente do banco Sabadell, em Barcelona, no ciclo de conferências World in Progress, organizado pelo grupo de comunicação social PRISA.
Josep Oliu afirmou que, “a nível puramente de mercado”, o preço que o BBVA oferecia pelas ações do Sabadell foi o principal motivo para a OPA falhar. O BBVA “nao foi capaz de ver que deveria fazer um aumento muito substancial de preço que não fez”, acrescentou.
O presidente do Sabdell admitiu que, ainda assim, a administração do banco acreditava que o BBVA conseguiria pelo menos 30% da instituição na primeira fase da operação e que se seguiria uma segunda OPA. “Nos últimos três dias estávamos convencidos de que haveria uma segunda OPA”, disse
Josep Oliu disse ainda que uma OPA deve ser acordada e que essa é uma das lições deste processo. “Nunca vou fazer uma OPA hostil”, afirmou.
Sobre fusões transfronteiriças de bancos, a nível europeu, considerou que estão “muito longe” e destacou que, entre outros motivos, “não há sinergias muito claras”.
Josep Oliu afirmou que há legislações próprias em cada país da União Europeia em matérias como fiscalidade ou falências, o que cria barreiras para uma fusão.
O banco BBVA não conseguiu levar a bom porto a sua OPA hostil sobre o também espanhol Sabadell, não alcançando sequer 26% do capital da instituição financeira, revelou na quinta-feira a Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha.
O banco basco conseguiu 25,47% do capital do Sabadell, muito longe do objetivo inicial de 50%, que lhe teria dado o controlo do banco catalão.
A OPA estava formalmente em curso desde 8 de setembro, com uma proposta do BBVA de uma ação sua por cada 4,8376 ações do Sabadell, avaliando cada ação catalã em 3,39 euros — o valor mais alto em mais de uma década.
A operação, integralmente em ações, teria sido fiscalmente neutra para acionistas com mais-valias se a adesão superasse os 50% dos direitos de voto.
O banco basco havia definido como requisito mínimo obter 50% do capital do Sabadell. Caso conseguisse entre 30% e 50%, poderia manter a participação, mas seria obrigado a lançar uma segunda OPA totalmente em dinheiro — ao contrário da atual, que propunha apenas a troca de ações. Qualquer participação abaixo de 30% significaria o fracasso total da oferta, como agora se confirmou.
A tentativa de fusão do BBVA com o Sabadell visava criar um dos maiores bancos europeus, com cerca de um bilião de euros em ativos, mais de 135 mil trabalhadores no mundo (incluindo 19.213 do Sabadell) e mais de 7.000 agências.
A nova entidade teria superado o CaixaBank (proprietário do BPI) em ativos, tornando-se o segundo maior banco de Espanha, atrás apenas do Santander.
Desde o lançamento da OPA, em maio de 2024, o processo enfrentou várias dificuldades regulatórias. O regulador do mercado aprovou a operação apenas em abril deste ano, e o Governo espanhol condicionou a fusão à manutenção separada das personalidades jurídicas, patrimónios e gestões de ambos os bancos durante três anos, com possibilidade de prolongamento por mais dois.
Bruxelas, através da Comissária Maria Luís Albuquerque, abriu um processo de infração devido à legislação que permitiu ao Governo impor essas condições.
Apesar de todas as reservas, o BBVA manteve a OPA, afirmando tratar-se de uma “oportunidade única” para os acionistas do Sabadell.
No entanto, o Conselho de Administração do banco catalão desaconselhou por duas vezes a aceitação da oferta, considerando que subvalorizava a instituição.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50
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