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Millennium BCP lucra 775,2 milhões nos primeiros nove meses do ano

O BCP resiste à descida das taxas de juro, com a margem financeira a subir 2,6%. Resultado da atividade internacional cresce 19,8%.

29 Out 2025 - 17:06

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Foto: Jornal PT50/Luís Alves Almeida

Foto: Jornal PT50/Luís Alves Almeida

O Millennium BCP reportou, nesta quarta-feira, um lucro de 775,9 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2025, 8,7%  acima do período homólogo. O resultado líquido da atividade doméstica subiu 8% para 606 milhões e da operação internacional aumentou 19,8% para 230,7 milhões face aos mesmos meses de 2024.

Dentro da atividade internacional, o CEO do BCP, Miguel Maya, destaca, na apresentação destes resultados, o desempenho do Bank Millennium, na Polónia, que divulgou recentemente uma subida de 56% para 202 milhões. Por outro lado, o resultado em Moçambique teve uma queda de 58,9% para 25,4 milhões.

Olhando para as ações do BCP, o valor das mesmas teve uma valorização de 85,8% entre setembro de 2024 e setembro de 2025, realça Miguel Maya.

O produto bancário do Grupo Millennium BCP ascendeu a 2,82 mil milhões de euros, um incremento de 5%. No que diz respeito à margem financeira, o BCP continua a resistir à descida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE). A margem fixou-se em 2,17 mil milhões, o que configura uma subida de 2,6%.

Analisando em detalhe, a margem financeira em Portugal cai 0,9% para 994,7 milhões, denotando os efeitos das taxas do BCE. Já nas operações estrangeiras, a margem sobe 5,8% para 1,17 mil milhões.

No que diz respeito às comissões, o banco conseguiu um aumento de 4% em relação ao ano anterior, totalizando 628,8 milhões. Aqui, a diferença entre as operações nacionais e as internacionais foi a oposta da margem. Em Portugal, o banco conseguiu obter mais 6,3% de receitas em comissões, enquanto noutros países a receita provinda de comissões baixou 2,2%.

Do lado dos custos operacionais, estes ascenderam a 1,03 mil milhões, o que implica uma subida de 9,2%. Neste campo, houve um aumento de 11% nas despesas na operação internacional, acima da variação de 7,4% em Portugal. O rácio de eficiência da instituição foi, assim, de 34,3%, deteriorando 2,1 pontos percentuais face ao ano anterior. Ainda assim, o CEO destaca este rácio como positivo. No campo dos custos, quando questionado sobre a subida dos mesmos, Maya sublinha que os custos não são um problema, mas sim o desperdício. O CEO considera que despesas que trazem proveitos são “custos virtuosos”.

Nas imparidades e provisões, o grupo continua a ser impactado pelos créditos hipotecários denominados em francos suíços na Polónia e pela redução do ‘rating’ de Moçambique. Estas situações levaram a um incremento de 1,6% das imparidades no plano internacional. Contudo, a nível nacional, o BCP estas caíram 30,2% para 767 milhões.

Quanto à carteira de crédito, o BCP destaca a continuada redução do rácio NPE. Este era, no final de setembro, 1,9%, ficando abaixo dos 2,6% registados um ano antes, em Portugal. No estrangeiro, o rácio NPE também baixou, de 4,7% para 4,2%. O crédito como um todo ascendeu a 61,5 mil milhões de euros no grupo.

Já os créditos em francos suíços são agora menos 34% do que um ano antes. O número de processos em tribunal tem vindo a baixar consecutivamente, com um total de processos individuais no final de setembro a ascenderem a perto de 19 mil.

Ainda nos créditos concedidos, o CEO do BCP revela que os jovens têm, na instituição, um peso de 47% no crédito à habitação. Segundo Miguel Maya, foi utilizada 44% da verba concedida ao BCP para garantia pública na habitação aos jovens. O líder da empresa fez ainda questão de realçar que os créditos concedidos ao abrigo desta medida cumprem o rigor de todos os outros créditos. Defende ainda a medida, considerando que, sem a mesma, muitos jovens não estariam a ter acesso ao crédito, mas sim a pagar rendas.

Na capitalização, o banco tinha, em setembro, um rácio CET1 de 15,9%, o que implica uma redução de 0,6 pontos percentuais em termos homólogos. Já o rácio de capital total baixou de 20,8% para 19,9%. Na liquidez, o banco conta com um LCR de 321%, mais 7 pontos percentuais.

Questionado sobre uma previsão de dividendos para o final do ano, Miguel Maya reitera apenas que a política de remuneração dos acionistas é de distribuir 50% do lucro.

No que diz respeito à parceria com o BPCE em França – sobre a qual já havia sido questionado na última apresentação de resultados – o CEO do BCP reforça a satisfação com a mesma e assegura que não está a ser reavaliada.

No que diz respeito aos impostos pagos pela banca, Miguel Maya fez questão de referir as contribuições de 38,7 milhões do banco que lidera e que vão além do IRC e outros impostos que outas áreas não “carregam”. “Não se pode dizer que se quer por a economia a crescer e colocar encargos às costas dos bancos que criam empregos e contribuem para a economia portuguesa”, critica ainda Miguel Maya. Questionado sobre qual o impacto da descida do IRC inscrita no Orçamento do Estado no BCP, o CEO indicou que não há qualquer diferença para as contas do banco.

O CEO não se mostrou também contente com um possível novo imposto sobre o setor, que o ministro das finanças já revelou estar em cima da mesa. “Reitero, reitero, reitero”, insiste, que existem contribuições que inibem a concorrência no setor.

Questionado sobre a ascensão de novos ‘players’ no mercado, Miguel Maya explica que isto “não preocupa”, mas “preocupa”, tendo o banco de não ser “complacente” para não ficar atrás da concorrência. O CEO lança ainda o desafio de comparar a transparência e o preço entre uma funcionalidade da aplicação do BCP, o M Travel, e outros operadores no mercado quando estão a viajar no estrangeiro.

Sobre a sucessão da SIBS, revela apenas que o processo está em curso. “Muito confiante, não há pressa. É preciso que seja bem feito”, reitera. No que diz respeito à sucessão dos órgãos sociais, Miguel Maya mostra-se tranquilo pois considera que o banco “tem muito talento”. “Quando for para anunciar, anunciamos”, afirma. Sobre se está disponível ou não para continuar como CEO, Miguel Maya salienta que “gosta muito” do seu trabalho, mas empurra questão para os acionistas.

Em relação às críticas recentes de Maria Luís Albuquerque aos obstáculos à consolidação bancária, Miguel Maya entende que isto não se aplica a Portugal, mas, ao mesmo tempo, acredita que estas declarações têm fundamento e devem ser eliminadas as “discricionaridades” locais.

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