
4 min leitura
Portugal Dreamin’: O vale das Fintech na Europa
Autor
Por Gonçalo Freire, diretor da Fintech Solutions
14 Mar 2025 - 13:30
4 min leitura

Gonçalo Freire, diretor da Fintech Solutions
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Gonçalo Freire, diretor da Fintech Solutions
Nos últimos anos, Portugal tem-se destacado como um destino cada vez mais atrativo para fintechs e start-ups, posicionando-se estrategicamente para se tornar o principal centro europeu deste setor. Mas terá Portugal realmente o que é preciso para se aproximar do maior ecossistema de todos, Silicon Valley?
A ascensão das fintech em Portugal resulta de decisões políticas intencionais, uma localização geográfica estratégica e vantagens económicas únicas. Lisboa e Porto transformaram-se notavelmente em centros vibrantes de inovação, atraindo talento tecnológico de toda a Europa e além. Esta transformação não é casual, Portugal aproveita diversos fatores-chave para criar um ambiente atraente para fintechs e inovação.
Geopoliticamente, apesar do recente “soluço”, a democracia estável de Portugal, o forte cumprimento das regulamentações da União Europeia e a sua posição estratégica no Atlântico são argumentos convincentes para fundadores e investidores fintech. Comparado com a Califórnia, conhecido estado norte americano por oferecer flexibilidade e abertura empreendedora, Portugal, enfrenta uma reputação de conservadorismo, resistência à mudança e frequentemente criticado pela rigidez regulatória, mas também oferece iniciativas competitivas no panorama do empreendedorismo global como o FinLab, CMVM Inov, Visa Innovation Program, Tech Visa, entre outras. Estas e outras iniciativas criaram enquadramentos que aceleram o licenciamento das fintechs e facilitam interações produtivas com organismos reguladores e mercado, reduzindo significativamente as barreiras à entrada no mercado, onde, no entanto, há bastante espaço para uma aposta mais assertiva em ambientes controlados para fintechs e outras start-ups inovadoras conseguirem testar novos produtos, serviços ou modelos de negócio sem incorrer imediatamente em todas as exigências regulatórias padrão.
Economicamente, Portugal oferece uma alternativa atrativa com custos operacionais significativamente mais baixos comparativamente à Califórnia. Start-ups baseadas em Lisboa e no Porto beneficiam de salários relativamente menores, arrendamento de escritórios competitivos e serviços profissionais mais acessíveis. Esta eficiência económica permite às start-ups maximizar as suas rondas de financiamento, prolongando consideravelmente a sua sustentabilidade financeira em comparação com Silicon Valley, onde os custos exorbitantes de vida e operação rapidamente esgotam o capital de risco.
Contudo, o acesso a capital continua a ser uma área a melhorar. Silicon Valley, enquanto epicentro histórico de inovação global e capital de risco, lidera largamente em volume de financiamento. As fintech portuguesas tendem a experienciar rondas iniciais de financiamento mais pequenas em comparação às suas congéneres californianas, limitando o seu potencial inicial de crescimento. Porém, esta lacuna de financiamento representa uma oportunidade para investidores que procuram maiores retornos em mercados emergentes, criando potencialmente uma dinâmica benéfica à medida que o mercado europeu de capital de risco amadurece.
As vantagens do estilo de vida de Portugal também desempenham um papel crucial na sua atratividade para o talento – um ingrediente essencial para ecossistemas fintech bem-sucedidos. A reconhecida qualidade de vida do país, caracterizada por segurança, excelente sistema de saúde, clima agradável e património cultural diversificado, tornou-se um íman para talentos internacionais que procuram equilíbrio entre ambição profissional e bem-estar pessoal. Este apelo ao estilo de vida contrasta fortemente com a Califórnia, onde, apesar do prestígio tecnológico, os custos crescentes de vida, desigualdades persistentes e preocupações com segurança estão a afastar cada vez mais profissionais.
Assumir o papel de principal hub fintech europeu também apresenta desafios. O crescimento rápido pode levar a tensões urbanas, potencialmente inflacionando os custos e diminuindo a qualidade de vida – problemas que a Califórnia conhece bem. Decisores políticos e líderes da indústria devem gerir cuidadosamente a expansão portuguesa para evitar repetir os erros da Califórnia, onde o sucesso da inovação levou paradoxalmente a disparidades sociais e económicas.
Adicionalmente, o sistema educativo português e o desenvolvimento de talento precisam evoluir continuamente para sustentar a inovação a longo prazo. Iniciativas na educação STEM, combinadas com programas de atração de talento internacional como o visto para nómadas digitais, serão essenciais para cultivar uma força de trabalho fintech robusta, capaz de apoiar o crescimento sustentável.
Em última análise, a oportunidade estratégica de Portugal não reside em simplesmente replicar Silicon Valley, mas em construir um ecossistema fintech único e sustentável, definido por crescimento equilibrado, inovação regulatória e uma qualidade de vida incomparável. O caminho para Portugal se tornar a capital fintech da Europa está definido e o seu potencial é extraordinário.
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