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Portugueses não conseguem poupar
Relatório do Boston Consulting Group mostra que a situação se agravou este ano. Cerca de 36% dos inquiridos nem sequer conseguem pôr de lado 5% do que ganham.
21 Out 2025 - 07:15
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Foto: Unsplash/Andre Taissin
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Foto: Unsplash/Andre Taissin
Os portugueses continuam a não conseguir poupar: 64% afirmam conseguir guardar menos de 10% do seu salário líquido e 36% dizem não conseguir poupar sequer 5% do que recebem — percentagens que se agravaram face a 2024 (61% e 38%, respetivamente), revela o estudo Consumer Sentiment Survey 2025, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) e divulgado na passada segunda-feira.
Por outro lado, 18% dos inquiridos admitem poupar entre 10% e 20% do seu rendimento (menos 2 pontos percentuais que no ano anterior), 8% reservam entre 20% e 30% (menos 1 pp. face a 2024) e apenas 2% conseguem economizar mais de 50% do que auferem — percentagem que se manteve inalterada.
Quando conseguem poupar, 60% dos portugueses destinam essa fatia dos rendimentos a responder a potenciais imprevistos, 40% para a reforma e 31% para viajar. Entre outras prioridades, 22% pretendem comprar casa, 15% comprar um carro e 12% gastar em outros bens de consumo — esta última opção tem registado uma ligeira subida em comparação com o ano passado.“A poupança em Portugal continua fortemente concentrada em depósitos e instrumentos de baixo risco. Ainda assim, observamos sinais encorajadores, com mais portugueses a procurarem diversificar as suas poupanças e investir com uma perspetiva de longo prazo. Este é um caminho que importa acelerar para fortalecer a resiliência financeira das famílias”, afirma Tiago Kullberg, Managing Director & Partner da BCG Lisboa.
Em termos de hábitos de consumo, verificaram-se algumas alterações face ao ano anterior. Este ano, 58% dos portugueses dizem ter sentido um aumento nas despesas com alimentação, 36% com farmácia e saúde, 35% com o veículo pessoal, 35% com a renda da habitação e 36% com restauração.
O aumento dos gastos com necessidades básicas levou a uma redução acentuada nas despesas de outras categorias, nomeadamente entretenimento fora de casa (-34%), roupa e acessórios (-31%), viagens e férias (-27%), perfumaria e maquilhagem (-21%) e bebidas alcoólicas (-19%).
Embora a maioria destas variações tenha afetado todas as faixas etárias, o aumento dos gastos com farmácia e saúde foi mais sentido pela população sénior, enquanto os mais jovens foram os que mais notaram a subida dos custos com renda e transporte pessoal.
O estudo mostra ainda que, no geral, os portugueses mantêm um perfil de investimento conservador, preferindo aplicar as poupanças em produtos de baixo risco. No entanto, cerca de 20% dos inquiridos afirmam já investir em ativos financeiros com risco, uma subida de 3 pontos percentuais face ao ano passado.
Entre os indivíduos com ensino superior, um em cada quatro diz investir em ações ou obrigações, revelando um perfil menos conservador. Este aumento é particularmente visível entre as mulheres, que subiram 4 pp. face a 2024, atingindo 15%. Apesar disso, os homens continuam a ter maior propensão para investir em ações e obrigações, tendo a diferença entre géneros aumentado de 8 pp. para 10 pp.
Por outro lado, a população sénior mantém-se a mais conservadora, embora revele sinais de maior diversificação, e até entre os menos escolarizados se observa um aumento do investimento em produtos de risco.
O retrato de 2025 mostra famílias portuguesas cada vez mais pressionadas pela dificuldade em poupar e pelo aumento das despesas básicas, o que continua a limitar o consumo não essencial. Ao mesmo tempo, verifica-se uma transformação gradual do perfil de investidor, com mais mulheres e pessoas com formação superior a diversificarem os seus portefólios e a procurarem ativos de maior risco. Esta realidade evidencia não só os desafios da conjuntura económica, mas também sinais de mudança nos comportamentos financeiros, que poderão vir a redefinir os padrões de consumo e investimento no país.
O estudo baseia-se num inquérito a 1.000 portugueses residentes no território continental, realizado em agosto de 2025, com 44 perguntas relacionadas com o sentimento dos consumidores face aos seus hábitos de consumo, poupança e investimento.
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