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Queda dos pagamentos em dinheiro físico pressiona criação do euro digital

Piero Cipollone fala numa “tendência digital” que exige uma resposta por parte das empresas europeias.

30 Set 2025 - 17:11

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Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do BCE | Foto: ECB

Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do BCE | Foto: ECB

Dois terços dos pagamentos com cartão na zona euro são processados por sistemas internacionais detidos por empresas não europeias (Visa e Mastercard). Atualmente, 13 dos 20 países da zona euro dependem inteiramente desses sistemas para pagamentos em pontos de venda. Estas duas realidades foram ontem reveladas por Piero Cipollone, durante a conferência “Pagamentos e Política num Ambiente em Mudança”, organizada pelo Eesti Pank em cooperação com os bancos centrais da Letónia e da Lituânia.

Os dados divulgados pelo membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE) vão ao encontro das informações partilhadas pela vice-governadora do Banco de França, Agnès Bénassy-Quéré, que, num artigo publicado na passada sexta-feira, alertava que, se os sistemas de pagamento Visa e Mastercard falhassem, 15 dos 20 países da zona euro ficariam sem uma solução para pagamentos com cartão. Nos cinco países restantes — Alemanha, Bélgica, França, Itália e Portugal — os pagamentos dentro das fronteiras nacionais poderiam continuar a funcionar graças à existência de redes nacionais de cartões bancários: em França, o Groupement des Cartes Bancaires (CB) e, em Portugal, o sistema Multibanco da Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS).

“É no mínimo paradoxal que, 25 anos após a introdução da moeda única, não exista uma solução de pagamento digital pan-europeia independente na zona euro. Esta situação pode até ser considerada incompatível com o conceito de mercado único europeu”, escreveu a vice-governadora.

Segundo Cipollone, “entre 2019 e 2024, a utilização de numerário em pontos de venda físicos na área do euro diminuiu de 72% para 52% em termos de volume, e de 47% para 39% em termos de valor. À medida que a participação dos pagamentos online cresceu, o uso de dinheiro em todas as transações do dia a dia caiu ainda mais rapidamente: entre 2019 e 2024, a sua participação passou de 68% para 40% em volume, e de 40% para 24% em valor”.

Esta tendência exerce pressão sobre todos os decisores europeus no sentido da criação do euro digital. “O principal objetivo do euro digital seria garantir que os cidadãos e as empresas europeias mantêm a liberdade de efetuar pagamentos em dinheiro nas transações quotidianas. Permitiria pagar digitalmente, em moeda do banco central, a qualquer hora e em qualquer lugar da zona euro”, referiu Cipollone.

O responsável do BCE acrescentou ainda que “a base da nossa moeda é o dinheiro do banco central, materializado nas notas que trazemos nas carteiras. Ao utilizar notas de euro, estónios, letões e lituanos sentem que pertencem a uma Europa unida. Num mundo que se torna mais fragmentado a cada dia, temos bons motivos para continuar a preservar e a reforçar o nosso dinheiro”.

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