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Rúben Germano: “Foco total no cliente levou-nos a ser o terceiro maior banco do País”

No âmbito do evento Portugal Digital Summit, que decorreu em Lisboa o jornal PT50 teve a oportunidade de entrevistar Rúben Germano, diretor-geral da Revolut em Portugal, num 'firechat' que teve lugar no palco “Future of Money” da Unicre

04 Nov 2025 - 07:15

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Cristina Dias Neves, diretora do Jornal PT50 e Rúben Germano, diretor-geral da Revolut em Portugal

Cristina Dias Neves, diretora do Jornal PT50 e Rúben Germano, diretor-geral da Revolut em Portugal

Foi sobre o futuro da Revolut e do sistema financeiro à luz das disrupções tecnológicas e do novo enquadramento regulatório – agora que a Revolut tem IBAN português – que conversámos com Rubén Germano, diretor geral em Portugal da “Super app22 tecnológica”, como gostam de lhe chamar

Jornal PT50 – A Revolut é um fenómeno em Portugal. Qual é o segredo deste sucesso?

Rúben Germano – Acabámos de atingir dois milhões de clientes em Portugal, um marco muito significativo para nós. Em número de clientes, somos já o terceiro maior banco do país. O segredo parece simples, mas é difícil de manter: foco absoluto no cliente. Cada produto que criamos nasce de uma necessidade concreta — nunca apenas da vontade de lançar algo bancário.

Temos também uma velocidade de execução muito elevada. Conceptualizamos, lançamos, testamos, recolhemos feedback e voltamos a ajustar. Atualizamos a app cerca de 56 vezes por ano, quando a média do setor anda entre nove e dez. Isso demonstra bem a nossa filosofia de melhoria contínua. Às vezes lançamos algo que ainda não está perfeito, mas preferimos escalar e evoluir rapidamente com base no que o cliente realmente quer.

“O IBAN português foi um passo essencial na nossa localização”

Jornal PT50A Revolut passou recentemente a ter IBAN português. Que impacto prático teve essa mudança?

R.G. -Foi um passo decisivo. O IBAN português permitiu-nos disponibilizar produtos e integrações que antes não eram possíveis, como o Multibanco, o MB Way ou as contas de depósito remuneradas. Também foi fundamental para criar a nossa sucursal em Portugal e para reforçar a confiança do cliente.

Até há pouco tempo, éramos vistos sobretudo como uma fintech de viagens. Hoje, cobrimos toda a transacionalidade bancária e caminhamos para ser uma “super app” financeira. A localização foi essencial para isso.

“Queremos competir em todas as frentes com a banca tradicional”

 

Jornal PT50 -A Revolut quer, então, competir diretamente com os bancos tradicionais?

R.G. – Sim, claramente. Ainda nos faltam alguns produtos — como o crédito ao consumo e o crédito à habitação —, mas já começámos a testá-los noutros mercados. Por exemplo, o crédito à habitação está em fase piloto na Lituânia. O nosso modelo é sempre o mesmo: lançar num mercado, aprender e, só depois, expandir.

O objetivo é oferecer ao cliente tudo o que espera de um banco, mas com a agilidade, transparência e simplicidade que sempre nos distinguiram.

 “Cumprimos exatamente as mesmas regras que qualquer banco nacional”

Jornal PT50Os bancos tradicionais costumam criticar os neobancos por terem menos exigência regulatória. Essa crítica ainda faz sentido?

R.G. – Já não faz. Desde que criámos a sucursal portuguesa, estamos sob a mesma regulamentação que qualquer banco nacional e cumprimos todos os requisitos locais. O processo de localização foi importante não só pela conformidade legal, mas também porque nos permitiu melhorar a experiência de abertura de conta.

Implementámos uma solução de ‘onboarding digital’ que está a mostrar taxas de conversão superiores às que tínhamos antes. Ou seja, o processo ficou mais seguro e mais simples para o cliente.

 “O segmento empresarial é a nossa próxima grande aposta”

Jornal PT50A Revolut Business tem crescido bastante. Que papel tem este segmento em Portugal?

R.G. -A Revolut Business é uma das nossas grandes alavancas de crescimento. Representa cerca de 15% das receitas globais e tem crescido fortemente também em Portugal — cerca de 40% só este ano. O nosso objetivo é trazer às empresas a mesma experiência que oferecemos aos clientes particulares: simplicidade, transparência e agilidade.

Estamos a integrar-nos com plataformas como Shopify e Magento, além de softwares de contabilidade e e-commerce. Queremos eliminar fricções entre empresas e particulares e facilitar o fluxo financeiro dentro do ecossistema digital. Neste momento, temos tido uma adesão especialmente forte entre as PME digitais.

“A blockchain vai acrescentar uma camada à disrupção dos pagamentos”

Jornal PT50E no campo das novas tecnologias, como estão a explorar blockchain e finanças descentralizadas?

R.G. – A Revolut já é, por natureza, uma plataforma de pagamentos disruptiva. Temos 65 milhões de clientes no mundo que podem transferir dinheiro entre si sem custos. A blockchain vai acrescentar uma camada adicional de eficiência a este modelo.

A nossa filosofia é clara: se uma tecnologia for realmente disruptiva, queremos estar envolvidos. Se não o for, mantemos a diversificação de produtos e geografias que já temos, o que nos dá segurança e capacidade de adaptação a qualquer mudança.

“O futuro será híbrido — há espaço para todos”

Jornal PT50Como vê o sistema financeiro daqui a dez anos? Quem vai liderar: bancos, fintechs ou tecnológicas?

R.G. -Acredito num modelo híbrido. Os bancos tradicionais estão a reforçar a sua aposta tecnológica e as fintechs, como a Revolut, estão a amadurecer. Por outro lado, as grandes tecnológicas vão continuar a entrar no mundo financeiro através dos pagamentos.

No fim, o que vai diferenciar quem se mantém é o foco no cliente e na inovação. Haverá espaço para todos os que conseguirem conjugar esses dois elementos.

“O que importa não é onde a pessoa trabalha, mas o que entrega”

Jornal PT50Como é trabalhar na Revolut em Portugal? Têm crescido bastante em termos de equipa.

R.G. -Atualmente temos cerca de 1.300 colaboradores em Portugal, embora muitos trabalhem para outras geografias. Operamos num modelo 100% remoto, o que nos permite recrutar o melhor talento, independentemente da localização.

O que importa é o desempenho. Avaliamos as pessoas por objetivos, trimestralmente, através de dois gestores — um “line manager” e um “functional manager” —, o que garante avaliações equilibradas. Temos escritórios no Porto e em Lisboa, mas a maioria trabalha de forma distribuída. No Porto, especialmente, há um verdadeiro “cluster” tecnológico.

 “Portugal tem talento digital, mas precisa de aplicar mais esse conhecimento”

Jornal PT50 Como avalia o ecossistema digital português?

R.G. -Portugal tem dado passos importantes na digitalização, mas ainda há um desafio em transformar conhecimento em aplicação prática. A literacia digital é razoável, mas é preciso pegar nesse conhecimento e aplicá-lo, testando, melhorando e criando produtos reais.

Acredito que a combinação entre foco no cliente e inteligência artificial pode tornar as empresas portuguesas muito mais eficientes e competitivas.

“A América Latina é o próximo grande passo”

Jornal PT50A Revolut está a preparar a expansão para a América Latina. Que papel tem a experiência ibérica nesse processo?

R.G. – A experiência em Portugal e Espanha é uma enorme vantagem, tanto pela língua como pela proximidade cultural. Já lançámos várias sucursais na Europa e vamos aplicar essa aprendizagem na América Latina.

O foco inicial será o *retail banking*, tal como na Europa. O modelo é o mesmo: localizar, aprender e escalar. É um mercado desafiante, mas com enorme potencial.

“O crescimento é mérito de uma grande equipa”

Jornal PT50Para terminar, fala-se muito da eventual entrada da Revolut em bolsa. Já há planos concretos?

R.G. – Não há uma data definida. O foco continua a ser o crescimento sustentável e a expansão internacional. O sucesso que temos em Portugal é o resultado do trabalho de uma equipa extraordinária — e isso é o mais importante neste momento.

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