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Sobre a moral, os negócios e o futuro.
Editorial de Cristina Dias Neves
25 Set 2025 - 16:33
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A moral tem sido estudada por cientistas como uma resposta evolucionista do cérebro humano à necessidade de sobrevivência. A nossa tendência gregária e a capacidade de nos sensibilizarmos com o sofrimento alheio não são, como muitos acreditam, “a mão de Deus”, mas antes mecanismos desenvolvidos pelo sistema nervoso ao longo de milhões de anos de evolução para garantir a sobrevivência num mundo hostil.
Esta ideia é relativamente recente e continua a ser posta à prova, sobretudo através do estudo do comportamento animal, desde os nossos primos orangotangos até aos cães que nos acompanham há milhares de anos. Ainda assim, é uma visão contestada. Uns acreditam que a moral é a expressão do amor divino; outros negam a sua existência, defendendo que o ser humano é apenas um animal guiado por instintos básicos, paixões e simpatias terrenas.
Quanto a mim, não tenho certezas sobre a origem da moral, mas acredito firmemente que a cooperação é essencial à sobrevivência. Sociedades que valorizam o bem comum e reforçam a cooperação são mais evoluídas e resilientes.
A história do Ocidente mostra que a evolução das sociedades esteve intimamente ligada ao enquadramento moral das suas instituições. Nos últimos dois mil anos, a moral cristã tornou-se o principal referencial no Ocidente, ao colocar a dignidade humana no centro das preocupações religiosas. Mais tarde, esse imperativo passou para as instituições políticas, chegando até à utopia do Estado marxista. Foi apenas após os desastres resultantes das experiências totalitárias do século XX que aprendemos que a dignidade humana não pode ser imposta de fora — ela é intrínseca a cada pessoa.
Hoje, vivemos uma nova fase. O imperativo moral surge sob a forma de sustentabilidade. As empresas, que outrora tinham como única missão produzir e comercializar bens, agora regem-se também por normas ambientais, sociais e de governo corporativo. Uma grande empresa global não pode ignorar práticas laborais injustas, desrespeitar o meio ambiente ou excluir diversidade nos seus órgãos de gestão sem sofrer consequências de reputação e mercado.
O sistema financeiro — bancos, fundos e seguradoras — tornou-se igualmente parte deste novo paradigma, adotando princípios éticos que, mesmo com contradições e hipocrisias, moldam a economia global. É verdade que exemplos como a saída de bancos norte-americanos da Net Zero Alliance mostram fragilidades, mas estou convencida de que a atual conjuntura política e económica, mesmo com resistências, não vai inverter este movimento. Poderá atrasá-lo, mas não o travará. Caminhamos para uma sociedade mais sustentável e, arrisco dizer, até mais moral, alicerçada em instituições e empresas que defendem este paradigma.
Os investimentos na transição verde não serão apenas uma nova linha de negócios; serão o motor capaz de redefinir cadeias de valor, reorientar capitais e transformar, de forma estrutural, toda a economia global. Nenhum empresário ou gestor pode ficar alheio a este movimento.
É nesse espírito que, há oito meses, quando lançámos este jornal dedicado ao sistema financeiro, incluímos uma rubrica sobre sustentabilidade. E é também por essa razão que hoje, 25 de setembro, Dia Internacional da Sustentabilidade, a Target Media — empresa que detém o Jornal PT50 — dá mais um passo rumo ao futuro com o lançamento do Jornal PTGreen, dirigido pela jornalista Sónia Santos Dias. O objetivo é claro: divulgar informação estratégica para enfrentar uma das maiores transformações desde a Revolução Industrial — a Revolução Verde.
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