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“Uma economia europeia construída apenas com base em empréstimos seguros não pode prosperar”

A Comissária Europeia dos Serviços Financeiros escreve um artigo demolidor na revista International Banker, onde faz duras críticas aos bancos europeus e desafia-os a “fazer mais do que preservar a estabilidade”.

12 Nov 2025 - 12:33

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No dia em que se realiza mais uma reunião do Eurogrupo, durante a qual será abordado o tema da sucessão do espanhol Luis de Guindos no cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), a Comissária para os Serviços Financeiros, a União da Poupança e dos Investimentos, Maria Luís Albuquerque, assina um artigo intitulado “Da estabilidade à ambição: o próximo capítulo para os bancos europeus”, onde critica de forma contundente a banca europeia pela sua falta de ousadia na canalização das poupanças para o investimento na economia real.

Segundo Maria Luís Albuquerque, “os bancos europeus continuam a ser o principal motor de crédito às famílias e às empresas, fornecendo cerca de dois terços do financiamento das empresas na União Europeia. (…) No entanto, não estão a cumprir todo o seu potencial enquanto impulsionadores de inovação e produtividade.”

A Comissária refere que “em comparação com outras grandes economias, a Europa continua a depender excessivamente do financiamento baseado em dívida”, e que muitas empresas europeias promissoras “acabam por crescer noutros lugares, porque não conseguem aumentar o seu capital no próprio continente”.

“O resultado é um paradoxo: a Europa é rica em poupança — cerca de 11 biliões de euros em depósitos bancários — mas pobre em investimento. Os nossos bancos são a ponte natural entre esta riqueza em poupança e a economia produtiva, mas essa ponte ainda não está completa”, afirma.

Maria Luís Albuquerque defende que, perante as mudanças que estão a ocorrer no sistema financeiro mundial com as fintechs e os neobancos, os bancos têm de fazer uma escolha fundamental: “adaptar-se ou perder relevância”. E acrescenta: “Um sistema financeiro moderno não é aquele que se protege da mudança ou da concorrência, mas aquele que as canaliza de forma produtiva. Os bancos que irão prosperar serão os que utilizarem o seu capital, os seus conhecimentos e a confiança dos seus clientes para liderar as transições ecológica e digital da Europa, mantendo simultaneamente os mais elevados padrões prudenciais.”

Mas Maria Luís Albuquerque vai mais longe: “Uma economia europeia construída apenas com base em empréstimos seguros não pode prosperar num mundo impulsionado pela inovação e pela assunção de riscos. Precisamos de um ecossistema financeiro que recompense o empreendedorismo, valorize o risco de forma inteligente e transforme a poupança em capital produtivo.”

O desafio não é lançado apenas aos bancos. “Os governos e os supervisores devem criar as condições para que a ambição floresça. Isso significa estruturas fiscais e regulatórias que apoiem as atividades transfronteiriças, uma supervisão consistente que recompense a eficiência e a coragem política para permitir a consolidação onde faça sentido económico”, escreve a Comissária.

Numa mensagem dirigida aos governos que têm colocado obstáculos às fusões e aquisições bancárias, a responsável é clara: “O capital e a liquidez permanecem presos dentro das fronteiras, as sinergias de grupo não são reconhecidas e as fusões transfronteiriças enfrentam obstáculos discricionários. Este protecionismo enfraquece o mercado único, não é compatível com o direito da União Europeia e prejudica a competitividade da Europa.”

Voltando à necessidade de um setor bancário mais dinâmico, Maria Luís Albuquerque insiste: “Os bancos devem adotar um papel mais proativo, reconhecendo-se como intervenientes essenciais na definição de um sistema financeiro que canalize efetivamente as poupanças da Europa para investimentos produtivos, apoie as transformações ecológica e digital e reforce a competitividade global do continente. Alcançar essa visão exige maior ambição e escala — a capacidade de pensar e operar além das fronteiras nacionais, construindo um mercado bancário e de capitais verdadeiramente integrado que reflita todo o potencial económico da Europa.”

Lançando um apelo a todo o sistema financeiro, a Comissária conclui: “Se a Europa quer continuar a ser uma potência económica global, temos de ousar passar da aversão ao risco para a assunção inteligente de riscos. Temos de assegurar que o nosso sistema financeiro se mantém resiliente a choques, mas que a prudência não se transforme em paralisia. E devemos reconhecer que a competitividade, tal como a estabilidade, constrói-se com base na confiança — confiança nos nossos bancos, nas nossas instituições e na nossa capacidade coletiva de agir.”

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