Os bancos uniram-se, através da Associação Portuguesa de Bancos (APB), e lançam a partir de hoje uma campanha nacional de sensibilização contra a fraude financeira online. Subordinada ao tema “Não passes cartão à fraude”, a iniciativa pretende alertar a população para os riscos crescentes da fraude digital, promovendo práticas seguras no uso da banca online.

Foram identificados três grandes grupos destinatários desta campanha: os jovens entre os 14 e os 24 anos, nativos digitais expostos ao comércio eletrónico, redes sociais e aplicações de pagamento; os millennials, dos 24 aos 40 anos, utilizadores intensivos do digital que valorizam conveniência, mas têm preocupações crescentes com a segurança; e os idosos com mais de 65 anos, que enfrentam maiores dificuldades de literacia digital.

“Portugal continua a ser um país seguro, mas as fraudes digitais estão cada vez mais sofisticadas, utilizando técnicas que conseguem enganar qualquer pessoa menos atenta. Somos todos alvos potenciais, mas os mais expostos são aqueles que têm menor literacia financeira e digital, ou que acabam por se deixar levar pelo sentido de urgência que muitas destas fraudes exploram”, afirmou Vítor Bento ao Jornal PT50.

O presidente da APB acrescentou que “a combinação de mensagens convincentes, pressão psicológica e desconhecimento cria um terreno fértil para o sucesso dos cibercriminosos. É por isso que a literacia financeira tem um papel fundamental: ajuda a reconhecer riscos e a evitar comportamentos de imprudência.”

Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos | Foto: André Nobre

Os bancos têm procurado acompanhar a crescente digitalização dos serviços financeiros com mecanismos de segurança reforçados, como a dupla autenticação ou as notificações em tempo real. “Mas tão importante como a tecnologia é a proximidade com os clientes”, refere Vítor Bento, acrescentando que esta campanha se dirige tanto aos clientes como às próprias instituições financeiras.

A iniciativa pretende educar os diferentes públicos sobre os principais tipos de fraude nos pagamentos, com destaque para phishing, spoofing e usurpação de identidade (impersonation). Para tal, serão utilizados exemplos reais e próximos da experiência quotidiana de jovens e idosos.

A morosidade da Justiça portuguesa não ajuda, mas, para Vítor Bento, “mais do que olhar apenas para a Justiça, importa reconhecer que a fraude evolui a um ritmo muito rápido, adaptando-se constantemente. Por isso, o foco deve estar sobretudo na prevenção. É preciso sensibilizar os cidadãos, dotar empresas e instituições de ferramentas eficazes e reforçar a cooperação entre entidades, para reduzir as oportunidades de ataque antes que estes aconteçam.”

Tal como o Jornal PT50 noticiou, os supervisores europeus do sistema financeiro publicaram, na passada sexta-feira, um relatório que dá conta do aumento dos cibercrimes contra instituições financeiras. Um inquérito realizado pela Autoridade Bancária Europeia (EBA) indica um aumento da proporção de bancos que enfrentaram pelo menos um ataque bem-sucedido, resultando num incidente grave relacionado com as TIC, num contexto de crescente volume e frequência de ciberataques.