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BCE faz exercício de “fuga para a segurança” em que depositantes desviam 700 mil milhões para euros digitais
Cenário considerado “altamente conservador” contempla um limite máximo de 3.000 euros digitais por aforrador
11 Out 2025 - 11:30
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Os legisladores europeus solicitaram ao Banco Central Europeu (BCE) a realização de um teste de resistência designado “fuga para a segurança”, no qual os depositantes europeus teriam a opção de possuir uma conta em euros digitais com um limite máximo de 3.000 euros, garantidos pelo BCE.
O estudo do BCE concluiu que, caso ocorresse uma corrida sem precedentes aos bancos comerciais, os depositantes retirariam cerca de 700 mil milhões de euros dos bancos da zona euro para os converterem em euros digitais. Esse montante equivale a 8,2% de todos os depósitos à vista da banca de retalho.
No documento, publicado na passada sexta-feira, pode ler-se que “o cenário de fuga para a segurança representa uma situação hipotética e altamente improvável em que, em tempos de crise, cada indivíduo na área do euro deteria o montante máximo possível de euros digitais”.
Mais adiante, o BCE explica que, “neste cenário, presume-se que cada depositante solicite o montante máximo de euros digitais permitido ao abrigo dos diferentes limites de detenção, desde que possua depósitos à vista suficientes. Neste caso hipotético, ocorreria uma saída máxima possível de depósitos à vista de retalho, de forma rápida e simultânea, em todos os bancos. As saídas de depósitos a nível de cada banco dependeriam do número de depositantes únicos com depósitos à vista e do montante efetivo das suas poupanças.”
O BCE sublinha que um cenário deste tipo nunca ocorreu nos 25 anos de existência do euro. “Trata-se, portanto, de uma avaliação teórica das potenciais consequências de um evento extremo e altamente improvável para o sistema financeiro, na presença do euro digital”, refere o documento.
O exercício é classificado pelo BCE como “altamente conservador” e é utilizado para analisar o que poderia acontecer se o setor bancário enfrentasse uma procura substancial e generalizada por euros digitais — e as consequentes saídas de depósitos — devido a uma perda de confiança no sistema bancário não relacionada com o euro digital, assumindo que o banco central não altera a sua política monetária.
O supervisor alerta ainda que “muitos dos efeitos estimados neste cenário também se materializariam mesmo na ausência do euro digital. Em particular, tais efeitos poderiam resultar de uma combinação de levantamentos significativos de numerário (dadas as quantias consideradas) ou de uma migração para ativos digitais emergentes, como as stablecoins — a maioria das quais denominadas em moedas que não pertencem à área do euro.”
Outro aspeto relevante identificado no exercício é o facto de os depósitos superiores a 100 mil euros — aqueles que não estão cobertos pelos mecanismos de garantia de depósitos — serem os primeiros a transitar para euros digitais. “É de notar que 31% dos depósitos overnight são detidos por empresas não financeiras, que não estão cobertas por mecanismos de garantia de depósitos, e que mais de um terço dos depósitos overnight elegíveis das famílias estão em contas que excedem os 100.000 euros. Esses depositantes seriam provavelmente os primeiros a retirar os seus fundos perante uma perda de confiança no sistema bancário — perda essa que não está relacionada com a introdução do euro digital”, lê-se no relatório.
O cenário de crise sistémica considerado neste exercício não contempla qualquer reação de política monetária por parte do BCE. “Com efeito, o BCE tem um historial sólido de respostas políticas decisivas e eficazes a várias crises, com o objetivo de preservar o funcionamento do mecanismo de transmissão da política monetária e cumprir o seu mandato principal de manter a estabilidade de preços”, conclui o estudo.
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