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Centeno: “A minha liderança não foi do óbvio”

Mário Centeno despediu-se dos cerca de 1800 funcionários do Banco de Portugal com um longo mail. Agradece aos 18 departamentos do banco e lança um desafio invocando Cavaco Silva.

06 Out 2025 - 13:57

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal | Foto: Banco de Portugal

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal | Foto: Banco de Portugal

Mário Centeno despediu-se dos colaboradores do Banco de Portugal num longo e-mail, onde recorda os cinco anos que passou à frente da instituição. Departamento a departamento, o ex-governador relembra os desafios que cada um teve de enfrentar e a forma como os superou.

A mensagem termina com alguma amargura, quando Centeno escreve: “Lamento, lamento profundamente, que alguns tenham atuado desrespeitosamente para com a história, os valores e a ética do Banco de Portugal, quando infringiram deveres de reserva que regem a nossa instituição”. Trata-se de uma alusão às supostas fugas de informação que vieram a público — quer sobre a negociação e os valores da nova sede do banco, quer em relação às nomeações feitas, em particular à do seu chefe de gabinete, Álvaro Novo, assim como à investigação realizada pela Polícia Judiciária (Operação Nexus), que levou à detenção no aeroporto do diretor de Informática do banco, Carlos Moura, e posteriormente à substituição de toda a direção daquele departamento.

No final, Centeno cita outro ilustre funcionário do Banco de Portugal: Cavaco Silva, que trabalhou na instituição entre 1977 e 1979, precisamente no mesmo departamento em que Centeno trabalharia anos mais tarde. “A nossa instituição tem o papel de transmitir ao país confiança. O Banco é um fiel, o fiel da balança. A esses, um voto de que possam pensar que o Banco é o nosso bem maior. Aos demais, à infinita maioria, um desafio. O desafio que a boa moeda expulse a má moeda”, refere, citando um artigo de Cavaco de 2004, no qual criticava a degradação da classe política quando Santana Lopes substituiu Durão Barroso como primeiro-ministro.

Centeno não esquece nenhum dos 18 departamentos que compõem o organograma do banco central, destacando o contributo de cada um em diferentes desafios.

“No meu mandato percorri o país para visitar escolas. Foram milhares de estudantes do ensino básico e secundário com quem interagimos e a quem levámos um pouco de literacia financeira, económica e estatística. Mas, acima de tudo, da cidadania de que o país precisa. Eram futuros colegas nossos, alunos que são parte integrante da revolução silenciosa que tem impulsionado o país para a liderança da educação na Europa e no mundo”, escreve Centeno, agradecendo de seguida o trabalho do Departamento de Supervisão Comportamental (DSC).

No caso do Departamento de Estudos Económicos (DEE), tão querido a Centeno, uma vez que exerceu as funções de diretor-adjunto e chegou a candidatar-se a diretor — tendo sido travado pelo então governador Carlos Costa —, refere: “Estes cinco anos viram também surgir a inflação, uma realidade adormecida, à qual o Eurosistema teve de reagir. DEE e DMR (Departamento de Mercados) estiveram na linha da frente na definição da posição do Banco, que sempre privilegiou a estabilidade de preços sem esquecer a economia, porque a inflação é, no final, uma variável endógena (sem vida própria) e as nossas políticas não devem causar mais dano do que o necessário”.

“Gerir é assumir riscos, até na inação”, escreve Centeno, acrescentando: “A rede que sempre procurei veio do DJU (Departamento de Serviços Jurídicos). Mas não uma rede acrítica, uma que sempre desafiei com raciocínio económico para encontrar soluções. Foi assim para decisões sobre o sistema financeiro; foi assim para a gestão corrente do Banco. As recentes decisões judiciais favoráveis ao Banco são um tributo ao trabalho desenvolvido, muito dele com raízes anteriores ao meu mandato”.

Ao referir-se ao Gabinete do Governador (GAB) — “o gabinete com o menor número de colaboradores dos últimos anos, quatro” —, Centeno não resistiu a elogiar Álvaro Novo depois de toda a polémica que rodeou as suas últimas nomeações, agradecendo: “Ao meu chefe de gabinete, que rapidamente acabou com os meus discursos escritos, lidos para tédio da audiência. Uma lista de tópicos, às vezes apenas manuscrita por si, teria de ser suficiente para cativar”.

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