Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, o presidente do conselho de supervisão do Commerzbank, Jens Weidmann, deixou claro que não existirá uma fusão amigável com o UniCredit e critica a “surpreendente” entrada do banco Unicredit na instituição financeira de Frankfurt. “É como em qualquer relacionamento: se no início não dá certo, fica difícil”, disse Weidmann. “Seria necessário muito trabalho para criar confiança suficiente e permitir discussões abertas”, acrescentou.

Recorde-se que aquele que é um dos maiores bancos italianos tem vindo a aumentar a sua participação no Commerzbank nos últimos meses. Em dezembro, aumentou a sua participação no Commerzbank para cerca de 28%, dando continuidade à sua estratégia de crescimento no banco alemão, mantendo o objetivo de alcançar uma participação de até 29,9%. A posição global do UniCredit ascende atualmente a cerca de 28%, dos quais 9,5% através de participação direta e aproximadamente 18,5% através de instrumentos derivados.

Na entrevista publicada nesta segunda-feira, o gestor alemão sublinhou que a ação não trará também vantagens ao setor bancário do país. “Tenho dúvidas de que uma aquisição hostil possa criar valor sustentável no setor bancário”, referiu Jens Weidmann na entrevista. Acrescentando ainda que, a nível comercial, “muitos clientes seriam forçados a se reorientar”.

Reações na Alemanha

A intenção de o UniCredit adquirir o controlo total do Commerzbank tem gerado reações mistas. Autoridades e setores financeiros na Alemanha consideraram a iniciativa “não amigável”, expressando preocupações sobre a soberania económica e possíveis impactos no emprego.

Em resposta, o Commerzbank está a explorar a possibilidade de adquirir um banco alemão de média dimensão como estratégia defensiva contra uma potencial aquisição pelo UniCredit.

O banco italiano, sob a liderança do CEO Andrea Orcel, pretende expandir a sua presença na Europa e a aquisição do Commerzbank pode ser um passo estratégico nesse sentido. No entanto, a transação enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de aprovações regulatórias e a resistência de “stakeholders” na Alemanha.