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Depósitos online mais influenciados por notícias das redes sociais
Banco Central Europeu analisa de que forma os depositantes mudam os seus ativos em caso de desconfiança nas instituições financeiras
11 Ago 2025 - 11:58
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O Banco Central Europeu (BCE) publicou, nesta segunda-feira, um estudo sobre a volatilidade dos depósitos online e a forma como estes reagem a notícias nas redes sociais, potenciando o fenómeno da “corrida aos depósitos”. Da autoria de Luisa Fascione, Juan Ignacio Jacoubian, Beatrice Scheubel, Livio Stracca e Nadya Wildmann, o trabalho, intitulado “Cuidado com a aplicação: como os depósitos europeus reagem à digitalização”, partiu do caso do Silicon Valley Bank (SVB), que entrou em falência em março de 2023, após dois dias de levantamentos massivos, e analisou o caso das caixas económicas alemãs que partilham a mesma aplicação móvel utilizada pelos seus clientes.
As conclusões deste estudo mostram duas realidades distintas no que respeita aos chamados depósitos online. A primeira diz respeito aos “períodos normais”, em que a atividade bancária se encontra estabilizada e sem perturbações. Neste cenário, “o impacto nos fluxos de depósitos em períodos normais é próximo de zero”. Existe apenas uma ligeira variação nas entradas e saídas de dinheiro, consequência da concorrência normal entre instituições, em particular no que toca à oferta de taxas de juro mais atrativas.
“As nossas descobertas revelam que o aumento do uso de serviços bancários online amplifica ligeiramente as saídas extremas de depósitos durante períodos de stress, embora este efeito não seja exacerbado pela disponibilidade de aplicações bancárias móveis. É importante realçar que nem a utilização de serviços bancários online nem a utilização de aplicações móveis têm um efeito causal na volatilidade dos depósitos em tempos normais”, refere o estudo.
O cenário muda quando as redes sociais amplificam condições de stress, como aconteceu no caso do Silicon Valley Bank. Nestas situações, os serviços financeiros digitais funcionam como um acelerador da retirada de depósitos, contribuindo decisivamente para colocar as instituições financeiras em risco.
O caso do Silicon Valley Bank, em março de 2023, foi paradigmático. Em 2022, a Reserva Federal norte-americana (Fed) aumentou as taxas de juro, travando o crescimento de todo o setor tecnológico. No final desse ano, o SVB tinha ativos no valor de 212 mil milhões de euros, mas 94% dos seus depósitos eram “não segurados” (sem cobertura de um Fundo de Garantia). O banco tinha investido uma grande parte desses depósitos em títulos de longo prazo e títulos garantidos por hipotecas, com maturidade superior a 10 anos. Os investimentos substanciais em títulos de dívida, realizados em 2021 durante um período de taxas de juro baixas, originaram perdas significativas quando as taxas subiram acentuadamente em 2022.
Apreensivos com as notícias que circulavam nas redes sociais, os depositantes correram a levantar o seu dinheiro. Em apenas dois dias, em março de 2023, levantamentos massivos levaram o SVB à insolvência. A 10 de março de 2023, os reguladores federais encerraram as suas operações.
Os especialistas do BCE confirmam “que a digitalização amplifica os fluxos de depósitos em ambas as extremidades da distribuição, ou seja, exacerba tanto as entradas como as saídas extremas. Ao medir a digitalização como a disponibilidade de uma aplicação bancária móvel, este efeito é particularmente pronunciado para os depósitos de retalho não segurados”.
“Verificámos que um aumento de 1% na utilização de serviços bancários online aumenta as saídas mais extremas de depósitos em 0,28%. Consequentemente, o aumento médio de 20,7% na utilização de serviços bancários online durante o período da amostra está associado a uma amplificação de 5,8% das saídas extremas de depósitos”, refere o estudo.
Para os especialistas do BCE, “de um modo mais geral, embora o nosso estudo confirme que a digitalização afeta os fluxos de depósitos, também destaca a necessidade de dados bancários mais comparáveis sobre a digitalização, de forma a discernir com robustez os seus efeitos”. Acrescentam ainda que, “embora a disponibilidade de uma aplicação bancária seja frequentemente utilizada em estudos que visam estimar o impacto da digitalização, pelo menos para determinar o impacto nos fluxos de depósitos entre bancos europeus, parece que a penetração geral dos serviços bancários online é um preditor mais relevante. É essencial realizar mais investigação para medir melhor os múltiplos aspetos da digitalização e compreender plenamente os seus efeitos”.
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