Subscrever Newsletter - Mantenha-se atualizado sobre tudo o que se passa no sistema financeiro.

Subscrever Newsletter

Mantenha-se atualizado sobre tudo o que se passa no sistema financeiro.

Submeter

Ao subscrever aceito a Política de Privacidade

5 min leitura

Donald Trump coleciona inimigos na Banca

Seja pela política monetária de manutenção dos juros, pela aplicação de tarifas aduaneiras, ou por uma alegada discriminação política no tratamento dos clientes, o presidente do Estados Unidos tem vindo a entrar em conflito com vários banqueiros.

17 Ago 2025 - 11:57

5 min leitura

David Solomon (Goldman Sachs), Jerome Powell (FED),Jamie Dimon (Jp MOrgan) e Brian Moynihan (Bank of America)

David Solomon (Goldman Sachs), Jerome Powell (FED),Jamie Dimon (Jp MOrgan) e Brian Moynihan (Bank of America)

O primeiro desafio de Trump foi com a Reserva Federal (FED). Desde o início, o presidente norte-americano criticou a política monetária do presidente da FED, Jerome Powell, de manter inalteradas as taxas de juro de referência entre 4,25% e 4,5%. Para Trump, o banco central está a travar o crescimento da economia americana, que, segundo ele, apresenta bons sinais em termos de criação de novos empregos e de inflação controlada. O presidente já ameaçou demitir Powell antes do fim do seu mandato, previsto para maio de 2026.

O conflito aberto com Powell descambou para uma ameaça de processo-crime em relação às obras de modernização da FED em Washington. Durante uma visita ao estaleiro em julho, Trump foi corrigido por Powell quanto ao valor das obras de remodelação.

Para além da condução da política monetária, Trump tem atacado os banqueiros norte-americanos por várias razões. Uma delas é a alegada discriminação — o chamado “debanking” — na aceitação de depósitos de clientes apoiantes do Partido Republicano. Este mês, Trump acusou publicamente o Bank of America, liderado por Brian Moynihan, e o JPMorgan Chase, liderado por Jamie Dimon, de terem recusado aceitar depósitos quer do próprio Trump, quer de elementos associados ao Partido Republicano.

“Eles discriminam totalmente, penso eu, talvez ainda mais a mim, mas discriminam muitos conservadores”, disse à CNBC numa entrevista este mês.

“Bem, eles discriminaram-me mesmo”, acrescentou Trump em relação às ações do JPMorgan Chase após o fim do seu primeiro mandato. “Eu tinha centenas de milhões de dólares, muitas, muitas contas cheias de dinheiro… e disseram-me: ‘Lamento, senhor, não podemos aceitá-lo. Tem 20 dias para sair.’”

Esta alegada discriminação levou Trump a assinar, na semana passada, um decreto que ordena ao Departamento do Tesouro e aos reguladores bancários que garantam que os credores não tenham políticas que neguem serviços a clientes com base nas suas crenças políticas ou religiosas, uma prática conhecida como “debanking”. Qualquer irregularidade descoberta poderá resultar em multas, medidas disciplinares e até encaminhamentos para o Departamento de Justiça, adiantou a agência Reuters.

O último confronto de Trump com a banca deu-se a propósito das consequências da sua política de tarifas alfandegárias. Na semana passada, o presidente atacou o presidente executivo do Goldman Sachs, David Solomon, afirmando que o banco se tinha enganado ao prever que as tarifas norte-americanas iriam prejudicar a economia e questionando se Solomon deveria liderar a instituição, uma referência à influência de Wall Street.

A reação não tardou. Um dos principais economistas do Goldman Sachs indicou que o banco não tem planos para alterar a forma como a sua equipa conduz e publica a investigação. David Mericle, economista-chefe do Goldman para os Estados Unidos, defendeu o trabalho da sua equipa um dia depois de Trump, numa publicação nas redes sociais, ter afirmado que David Solomon “não devia incomodar-se a dirigir uma grande instituição financeira” e ter criticado duramente a investigação económica do banco.

O relatório visado por Trump, publicado a 10 de agosto, estimava que, até então, os consumidores norte-americanos tinham suportado menos de um quarto do custo das tarifas impostas por Trump, mas que essa proporção subiria para dois terços caso as tarifas seguissem o mesmo padrão observado anteriormente.

“Tudo se vai resumir à capacidade de uma pessoa suportar uma enxurrada de críticas vindas da Casa Branca, e ao grau em que estes bancos apoiam os seus economistas-chefe”, disse Dave Rosenberg, da Rosenberg Research, que trabalhou nos departamentos de economia de vários bancos. “Se notarmos que a investigação está a ser suavizada… então saberemos que isto teve um efeito”, acrescentou, citado pela agência Reuters.

Jack Ablin, estratega-chefe de investimentos da Cresset Capital, afirmou que, se os bancos começarem a autocensurar-se, os investidores mais pequenos, que não têm recursos para realizar a sua própria análise, serão provavelmente os mais prejudicados.

“Trump está certamente a tomar várias medidas que divergem da visão tradicional sobre os respetivos papéis do governo e da indústria privada”, disse Henry Hu, professor de direito de valores mobiliários na Universidade do Texas.

Num post nas redes sociais no início desta semana, Trump afirmou que empresas e governos estrangeiros estavam a absorver a maior parte do custo das suas tarifas, contrariando a pesquisa do Goldman.

“Visto que as previsões dos analistas de Wall Street do lado da venda têm sido tão precisas quanto previsões aleatórias, os pequenos investidores vão sair-se muito bem com o presidente a exercer o seu direito da Primeira Emenda relativamente à pesquisa falhada de Wall Street”, disse um responsável da Casa Branca à Reuters.

Subscrever Newsletter

Mantenha-se atualizado sobre tudo o que se passa no sistema financeiro.

Ao subscrever aceito a Política de Privacidade