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“Em algumas zonas agrícolas portuguesas já não se consegue fazer seguros de colheitas”
Pedro Carvalho, CEO da Tranquilidade/Generali, lança alerta sobre a necessidade de o Estado apoiar os agricultores no desafio dos riscos climáticos.
27 Nov 2025 - 12:18
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Pedro Carvalho, CEO da Ttanquilidade/Generali na Conferência do Jornal PT Green
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Pedro Carvalho, CEO da Ttanquilidade/Generali na Conferência do Jornal PT Green
O CEO da Tranquilidade/Generali afirmou que “em algumas zonas agrícolas portuguesas já não se consegue fazer seguros de colheitas”. Pedro Carvalho falava durante a 1.ª Conferência do Jornal PT Green dedicada à “Green Finance” e aos desafios do novo enquadramento regulatório e geopolítico que se realizou nesta quinta-feira em Lisboa, e adiantou que “sempre foi difícil fazer seguros em algumas zonas de Portugal, mas o Estado ia subsidiando através do IFADAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas; com as alterações climáticas vai ficar muito mais difícil para muitas culturas”.
Aquele responsável afirmou que “quem precisa não faz seguros; para quem precisa muito, fica muito caro fazer uma apólice”.
“O Estado demitiu-se muito do papel que tinha nesta área através do IFADAP. Algumas culturas vão desaparecendo e alguma biodiversidade vai desaparecer se não existir apoio”, referiu o responsável da Tranquilidade/Generali.
Uma das regiões mais afetadas pelas alterações climáticas é o Ribatejo, bem como algumas zonas do interior e algumas das suas culturas. No caso do Alentejo, o impacto é menor, uma vez que é uma região que já está adaptada ao fenómeno da seca e às culturas de sequeiro. “Os problemas são as zonas com muito vento e muita chuva, em que de dois em dois anos vai tudo ao ar”, diz Pedro Carvalho, fazendo uma comparação com a região de Algés: “é uma situação muito parecida com a de ter uma casa em Algés num rés do chão… qual é a seguradora que lhe vai fazer um seguro?”
Pedro Carvalho referiu também a questão do risco sísmico na cidade de Lisboa. “Em Portugal temos um risco sísmico e não temos um fundo de catástrofes, como existe noutros países europeus. Se acontecer alguma catástrofe, temos de pedir ajuda, porque não temos as infraestruturas públicas protegidas com seguros ou resseguros. As casas particulares estão mais protegidas”, afirmou.
Para aquele responsável, existe “falta de vontade política. Todos os governos dizem ‘vamos ter um fundo de catástrofes’, mas ninguém o faz. Este não é um mercado para as seguradoras virem ganhar dinheiro. É um problema sério. É um risco sistémico”.
O CEO da Tranquilidade/Generali adiantou que a companhia faz “testes de stress para eventos extremos que já aconteceram e que ainda não aconteceram, e aplicamos esses modelos nas análises de seguro e na análise da nossa carteira”. Acrescentou ainda que a empresa, com a ajuda da Inteligência Artificial (IA), julga saber “quantos tornados, quantas inundações e quantas tempestades tropicais vai haver em Portugal para o ano; estamos a tomar as nossas precauções, avisando os nossos clientes”.
A seguradora altera e acrescenta coberturas às apólices de acordo com o risco climático, aconselhando os clientes industriais a tomar medidas de proteção.
“A indústria está a autodisciplinar-se, mas o futuro não chega sem os apoios necessários. Seguramos plataformas petrolíferas em Angola e parques eólicos, e as plataformas conseguem preços mais competitivos. Não existe nenhum incentivo para segurar as indústrias verdes. A regulação não dá nenhum incentivo para que os nossos fundos sejam aplicados em ativos mais sustentáveis, não existem incentivos para apoiar a inovação”, afirmou Pedro Carvalho.
No mesmo evento, Nuno Cordeiro, partner da PricewaterhouseCoopers (PwC) Portugal, referiu que “no espaço europeu cerca de 20 bancos já foram multados por questões ambientais; existem muitos processos que ainda não chegaram ao fim”.
O responsável explicou que os testes de stress realizados com riscos climáticos mostram que, no curto prazo, não há um impacto material relevante nos bancos e nas seguradoras (existe uma quebra de capital de cerca de um por cento), “mas o problema com aqueles testes é que, acertando numa lógica de primeira ordem, esquecem-se do impacto de segunda ordem”. Exemplifica com a questão dos ativos imobiliários: “nas condições atuais, um imóvel com um mau certificado energético já tem um impacto no preço em relação a um imóvel com um bom certificado energético. Mas depois existem efeitos de segunda ordem na correção dos valores desses imóveis, que vão impactar nas carteiras dos bancos”.
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