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Falta de literacia financeira é um fenómeno grave em Portugal
Especialistas alertam para os danos reais no dia a dia dos cidadãos causados por decisões erradas
15 Out 2025 - 09:47
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Portugal está entre os países com os níveis mais baixos de literacia financeira da Europa: apenas 11% da população possui uma literacia financeira elevada, segundo dados do Eurobarómetro da Comissão Europeia. Para os especialistas, a desinformação nesta área provoca danos reais no quotidiano das pessoas.
À agência Lusa, a presidente executiva (CEO) e fundadora da escola de literacia e educação financeira Money Lab, Bárbara Barroso, explica que a “desinformação financeira é toda a informação incorreta, incompleta ou enganosa que influencia negativamente as decisões económicas das pessoas”.
Bárbara Barroso defende que o fácil acesso à informação digital aumentou os riscos, uma vez que “qualquer pessoa pode ser exposta a conteúdos sobre dinheiro, investimentos ou produtos financeiros sem saber se são fiáveis”.
“Esta desinformação tem consequências reais, porque leva as pessoas a tomar decisões erradas, a desconfiar injustamente de instituições legítimas ou, no extremo, a cair em esquemas fraudulentos”, afirma a CEO.
A responsável pelo projeto educativo explica que a desinformação financeira pode manifestar-se de várias formas, desde “mensagens virais que prometem ganhos rápidos e garantidos até esquemas fraudulentos mascarados de oportunidades legítimas”.
Em 11 de setembro, a Lusa Verifica noticiou a existência de vários vídeos falsos de Luís Montenegro, Mário Centeno e Paulo Macedo, entre outras figuras públicas, que circulam nas redes sociais para promover burlas associadas a pretensas plataformas de trading que prometem lucros milionários a quem investir 250 euros.
Da sua experiência, a especialista destaca que “os idosos são um dos grupos mais vulneráveis à desinformação financeira, muitas vezes devido à falta de familiaridade com o mundo digital e ao facto de confiarem com facilidade em mensagens que aparentam ser credíveis, mas que podem esconder fraudes ou más práticas”.
Desta forma, Bárbara Barroso salienta que a literacia financeira é a linha da frente no combate à desinformação, embora Portugal ainda tenha muito para evoluir nesta matéria.
“Num mundo onde a informação circula depressa, mas nem sempre com verdade, a educação financeira é o filtro que separa o real do ilusório, o seguro do perigoso”, remata.
A especialista critica ainda a falta de comunicação acessível e pedagógica por parte de algumas instituições, o que deixa espaço para confusão e desconfiança.
Por sua vez, o cofundador do projeto Literacia Financeira, Pedro Braz, defende que a desinformação não vem apenas das redes sociais.
“Muitas vezes, nasce também nos próprios balcões dos bancos, quando os clientes recebem aconselhamento parcial ou enviesado”, afirmou à Lusa.
Nesta perspetiva, o responsável pelo projeto de literacia financeira salienta que uma das narrativas desinformativas “mais perigosas é acreditar que existem fórmulas mágicas para enriquecer”.
Pedro Braz destaca que a informação é uma das principais armas para combater a desinformação financeira, pois confere “a capacidade de pensar criticamente, de questionar o que se ouve e de reconhecer o que é real e o que é uma promessa vazia”.
Em matéria de literacia financeira, o especialista reconhece que Portugal tem feito progressos, “mas ainda está longe do ideal”.
“A maioria dos portugueses continua a ter dificuldades com conceitos básicos de finanças pessoais”, afirma.
Segundo o Eurobarómetro da Comissão Europeia, Portugal está entre os países com níveis mais baixos de literacia financeira na Europa: apenas 11% da população apresenta uma literacia financeira elevada.
Recorde-se que o Ministério da Educação apresentou uma proposta para uma nova Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, que dá um peso inédito à literacia financeira no percurso escolar dos alunos.
Assim, a proposta define que, já no ensino básico, os estudantes devem compreender conceitos essenciais de gestão de dinheiro, nomeadamente a importância da poupança e a distinção entre contrair e conceder empréstimos.
No 2.º ciclo, a prioridade passa pela aprendizagem da elaboração de pequenos orçamentos familiares e pela noção de consumo responsável.
No 3.º ciclo e no ensino secundário, os jovens serão desafiados a desenvolver projetos de empreendedorismo e a elaborar planos financeiros completos, que lhes permitam simular situações reais de gestão económica e tomada de decisão.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50
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