“Embora a taxa de desemprego tenha permanecido baixa até agosto, os salários desaceleraram acentuadamente, provavelmente em parte devido à queda no crescimento da força de trabalho, em virtude da menor imigração. Neste mercado de trabalho menos dinâmico e um pouco mais fraco, os riscos de queda para o emprego parecem ter aumentado”, afirmou Powell esta terça-feira, em Filadélfia, durante um evento organizado pela National Association for Business Economics (NABE).

Recorde-se que a fraqueza do mercado de trabalho tem sido um dos argumentos utilizados por Powell para resistir à descida das taxas de juro. A intervenção do presidente da Fed em Filadélfia foi a última antes da reunião do Comité de Política Monetária da instituição, que terá lugar nos dias 28 e 29 deste mês, e na qual será debatida a possibilidade de um novo corte das taxas de juro em 25 pontos base, o que as colocaria no intervalo entre 3,75% e 4%.

Questionado sobre o impacto das políticas de imigração na oferta de mão de obra, Powell afirmou: “Não temos uma opinião sobre imigração”, acrescentando, contudo, que “diria que foi uma política mais restritiva do que a maioria das pessoas esperava. Vimos um declínio muito acentuado no crescimento da força de trabalho”.

O número crescente de expulsões, disse, é “um grande fator económico”, sublinhando que “isso significará menos pessoas disponíveis para trabalhar; há evidências anedóticas de setores que já estão a ter dificuldade em encontrar mão de obra”.

Powell foi ainda questionado sobre o impacto de longo prazo das tarifas comerciais e sobre a sua influência na persistência da inflação. O presidente da Fed voltou a referir-se à dificuldade em equilibrar os dois principais objetivos da instituição: a prossecução do pleno emprego e a garantia da estabilidade dos preços.

“Esses dois objetivos exigem respostas de política monetária diferentes. A ideia tem sido que a política monetária deixe de ser restritiva para se tornar mais neutra, à medida que essas duas variáveis se equilibram”, concluiu Powell.