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Lagarde: “O euro digital mais não é do que a forma digital das notas de banco”
BCE manteve a taxa de juro em 2%, numa decisão unânime que contou com a presença de Álvaro Santos Pereira
30 Out 2025 - 15:44
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                presidente do BCE, Christine Lagarde
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                    presidente do BCE, Christine Lagarde
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) fez, nesta quinta-feira, uma forte defesa do euro digital. “O dinheiro é um bem público”, enfatizou Christine Lagarde, acrescentando: “Os bancos centrais são os guardiões do dinheiro. O euro digital mais não é do que a forma digital das notas de banco.”
Lagarde falava na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Governadores do BCE, que se realizou em Florença (Itália) e que decidiu deixar inalteradas as taxas de juro de referência nos 2%.
A presidente do BCE afirmou ainda: “Desengane-se quem pensa que o BCE é contra a inovação. Estamos muito atentos e apoiamos a inovação — queremos que a inovação chegue ao dinheiro.” Lagarde sublinhou que “a forma digital do dinheiro é necessária, porque no futuro haverá pessoas que não quererão usar notas”.
Relativamente a outros ativos financeiros — stablecoins e bitcoins —, a responsável disse que “o BCE está muito atento a esses fenómenos, que são formas privadas de dinheiro. Estamos a observar como são criadas, transmitidas e guardadas.”
Lagarde admitiu algumas discrepâncias entre a Lei Genius, que regula os criptoativos nos Estados Unidos, e o Regulamento MiCA, o seu equivalente na União Europeia, desabafando: “Não podemos impedir os investidores de criarem dinheiro privado.”
Quanto à decisão de manter as taxas de juro, Lagarde referiu que esta foi tomada por unanimidade de todos os governadores. Recorde-se que esta foi a primeira reunião em que participou o novo governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, que amanhã estará em Coimbra para dar uma aula de literacia financeira por ocasião do Dia Mundial da Poupança.
A manutenção das taxas de juro era esperada pela maioria dos analistas, e Lagarde justificou-a dizendo: “Estamos num bom lugar. Será para sempre? Não! Mas faremos tudo o que for necessário para permanecer neste bom lugar.” A presidente do BCE afirmou também que não se queixa do fraco crescimento económico da Zona Euro.
Lagarde explicou que existem riscos que abrandaram, riscos que ainda não se materializaram e riscos que estão a aumentar. “Ainda estamos num período de grande incerteza”, concluiu a responsável.
Entre os riscos que abrandaram, Lagarde destacou o acordo celebrado entre os Estados Unidos e a União Europeia, o cessar-fogo no Médio Oriente e o recente acordo entre a China e os Estados Unidos.
Quanto aos riscos que ainda não se materializaram, apontou uma possível rutura no fornecimento de matérias-primas, em especial no que diz respeito às chamadas “terras raras”. Já o risco que está a aumentar chama-se inflação: “Estamos a monitorizar a composição da inflação, uma vez que houve uma subida nos serviços (+0,1%) em setembro. Não estamos perante um risco imediato, mas estamos atentos.”
Relativamente às condições financeiras e monetárias, Lagarde referiu:“A taxa de crescimento anual do crédito bancário às empresas diminuiu ligeiramente para 2,9% em setembro (3% em agosto). Ao mesmo tempo, a emissão de títulos de dívida desacelerou para 3,3% em termos anuais. De acordo com o nosso mais recente inquérito sobre crédito bancário na zona euro, os critérios de concessão de crédito para empréstimos empresariais tornaram-se moderadamente mais rigorosos no terceiro trimestre, à medida que os bancos aumentaram a sua preocupação com a análise de risco dos clientes. A procura de crédito por parte das empresas apresentou uma ligeira recuperação.”
“A taxa de juro média para novos empréstimos hipotecários praticamente não mudou desde o início do ano, situando-se em 3,3% em agosto. O crescimento do crédito imobiliário subiu para 2,6% em setembro (2,5% em agosto), impulsionado por um novo aumento da procura e pela manutenção dos padrões de crédito no terceiro trimestre”, acrescentou a presidente do BCE.
O crescimento do dinheiro em circulação (medido pelo agregado M3) desacelerou para 2,8% em setembro (2,9% em agosto), com uma média de 3,8% no primeiro semestre do ano.
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