Tiago Mota Saraiva encabeça uma lista à Assembleia de Representantes da mutualista Montepio de oposição à atual gestão, disse à Lusa o arquiteto, que defende que a mutualista deve contribuir para resolver problemas de associados desde logo na habitação. A Associação Mutualista Montepio Geral – com mais de 600 mil associados – tem eleições no dia 19 de dezembro para os órgãos associativos para os próximos quatro anos (2026-2029).

Até julho, decorreu a fase para se apresentarem os concorrentes à gestão da mutualista (Mesa da Assembleia Geral, Conselho de Administração e Conselho Fiscal), tendo sido apresentada uma lista única, liderada por Virgílio Lima, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral desde 2019. Já para a Assembleia de Representantes (órgão com 30 lugares eleitos por método proporcional, uma espécie de parlamento, onde são discutidos os temas estratégicos da mutualista) as listas podem ser apresentadas até esta semana.

À Lusa, o arquiteto e professor universitário Tiago Mota Saraiva confirmou que encabeça uma lista à Assembleia de Representantes de oposição à atual gestão e adiantou que a lista tem como mandatária Ana Drago. “Queremos contribuir para a mudança política do que é a Associação Mutualista, do que é o mutualismo. Não queremos ser só oposição, queremos ser alternativa”, reiterou Tiago Mota Saraiva.

Segundo o arquiteto, a associação Montepio tem de sair da “lógica bancária, comercial” e estar “comprometida junto dos associados, com os seus problemas”, desde logo dando uma “resposta mutualista” à crise da habitação, onde considera que tem “falhado aos associados”. “Tem feito pouco mais do que conceder crédito à habitação, a Associação Mutualista Montepio já foi produtora de habitação e tem de voltar a ser”, acredita, defendendo que há vários instrumentos em que pode atuar nesse campo, caso das parcerias público-comunitárias e cooperativas de habitação. Neste campo, considera esta lista, a mutualista pode responder a necessidades dos seus associados fazendo investimentos rentáveis e prudentes na habitação.

O arquiteto e professor universitário adiantou que a equipa quer, na Assembleia de Representantes, “pensar o mutualismo do século XXI” e tornar a mutualista mais transparente e com mais estruturas de participação e decisão dos associados, incluindo com a revisão de estatutos. Defende ainda esta lista que a Associação Mutualista e as suas empresas, banco e seguradoras, devem ser um interlocutor privilegiado do setor social e cooperativo.

Segundo Mota Saraiva, a lista federa várias pessoas que estiveram na oposição na última década, dando como exemplo o envolvimento de António Godinho e Pedro Corte Real, anteriormente candidatos a presidentes da mutualista. Também apoia a lista Paula Guimarães, que foi diretora da Fundação Montepio, destacou.

Além de Tiago Mota Saraiva, integram a lista Francisco Alhandra, Marta Silva, Carlos Areal e Manuel Ferreira (estes três integram atualmente a Assembleia de Representantes, eleitos pela Lista C) e Andreia Galvão (substitui temporariamente Mariana Mortágua como deputada do Bloco de Esquerda).

Questionado sobre por que não concorrem à gestão da mutualista, Tiago Mota Saraiva disse que foi entendido que é importante a gestão atual terminar os projetos em curso, como a revisão do código mutualista.

A mutualista Montepio é o topo do grupo Montepio, sendo a principal empresa o Banco Montepio, e tem mais de 600 mil associados. Contudo, habitualmente nas eleições votam muito menos do que os que o podem fazer.

Em 2021, a lista liderada por Virgílio Lima venceu com 11 557 dos 24 085 votos expressos (47,98%) para a mesa da assembleia-geral, Conselho de Administração e Conselho Fiscal e 11 362 dos 24 016 votos expressos (47,31%) para a assembleia de representantes.

A Associação Mutualista Montepio Geral registou lucros de 210 milhões de euros em 2024, mais 87,5% face a 2023.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50