Subscrever Newsletter - Mantenha-se atualizado sobre tudo o que se passa no sistema financeiro.

Subscrever Newsletter

Mantenha-se atualizado sobre tudo o que se passa no sistema financeiro.

Submeter

Ao subscrever aceito a Política de Privacidade

4 min leitura

O BCE alerta para o perigo das instituições financeiras não bancárias

Os passivos concedidos a essas entidades são muito mais voláteis do que os depósitos das famílias e das empresas e podem estar sujeitos a riscos de fuga.

25 Nov 2025 - 11:20

4 min leitura

Foto: Unsplash

Foto: Unsplash

O Banco Central Europeu (BCE) publicou nesta terça-feira um estudo sobre os “Riscos sistémicos nas ligações entre bancos e o setor financeiro não bancário”. O BCE considera que as ligações entre instituições financeiras e fundos de investimento, corretoras, sociedades de crédito ou seguradoras – as chamadas instituições financeiras não bancárias (IFNB) – podem fragilizar o balanço dos principais bancos europeus.

A questão fundamental está na volatilidade dessas relações e na possibilidade de as IFNB retirarem grandes quantidades de liquidez de um momento para o outro, ao contrário do que acontece, por exemplo, com os depósitos das famílias ou das empresas, que permanecem muito mais tempo no balanço dos bancos.

Esta realidade, somada à elevada alavancagem financeira que muitas IFNB têm junto dos bancos, constitui um perigo real e, em caso de dificuldades financeiras dessas instituições, pode provocar um “efeito dominó” nos bancos europeus.

“Os passivos bancários obtidos de instituições financeiras não bancárias podem estar sujeitos a risco de fuga, dado o seu curto prazo de vencimento, com dependências concentradas em modelos de negócio bancários específicos”, referem os especialistas do BCE.

Em média, os bancos da área do euro financiam 15% dos seus ativos através de passivos para com instituições financeiras não bancárias. Aproximadamente 60% desses passivos compreendem instrumentos de curtíssimo prazo, como depósitos e operações de recompra. Os passivos ‘overnight’ e em moeda estrangeira, que podem ser particularmente suscetíveis a saídas de capital durante períodos de tensão no mercado, constituem grande parte dos empréstimos de recompra (repo) das IFNB.

Os bancos concedem crédito a um grupo diversificado de instituições financeiras não bancárias, frequentemente com garantia. A exposição dos bancos da zona euro a IFNB representa cerca de 10% do total dos seus ativos. Empréstimos (incluindo operações de recompra reversa) e títulos constituem a parcela mais significativa dessa exposição.

A exposição total ao crédito bancário em relação às IFNB, em termos percentuais do ativo total, é maior na Alemanha, França e Países Baixos, bem como na Irlanda, que acolhe diversas subsidiárias de bancos de investimento não pertencentes à União Europeia.

O BCE chama a atenção para o facto de “a volatilidade dos passivos obtidos de instituições financeiras não bancárias ser maior em modelos de negócios bancários com maior dependência desses passivos, especialmente no caso de depósitos e operações de recompra de instituições financeiras não bancárias, em comparação com depósitos de outras contrapartes, como empresas não financeiras, famílias e bancos”.

Na radiografia feita pelo supervisor europeu, “os passivos de curto prazo dos bancos com entidades financeiras não bancárias são concentrados e altamente segmentados ao nível de cada banco. Em particular, um pequeno número de bancos da zona euro detém grande parte do total dos passivos de recompra e depósitos não bancários de IFNB. Isto é particularmente evidente no mercado de recompra, onde os cinco maiores bancos representam aproximadamente 65% dos empréstimos de recompra dos bancos da zona euro junto de IFNB, embora representem apenas 35% do total dos ativos das instituições significativas da zona euro”.

Esta exposição tem efeitos mais graves para bancos que operam com reservas de liquidez mais reduzidas. Para o BCE, “em caso de dificuldades de financiamento desencadeadas por saídas de capital de instituições financeiras não bancárias, esses bancos podem necessitar de vender ativos rapidamente ou reduzir a prestação de serviços a essas entidades”, com a agravante de que “as saídas de financiamento possam ser difíceis de repor a curto prazo, dado que os fornecedores de determinados tipos de passivos tendem a seguir modelos de negócio semelhantes, o que pode resultar em retiradas concentradas”.

Existe ainda o caso das IFNB fora da zona euro alavancadas por bancos da área do euro. “Os dados mais recentes disponíveis sugerem que cerca de 432 mil milhões de euros, ou 26%, dos 1,66 biliões de euros identificados como exposição total dos bancos da zona euro a instituições financeiras não bancárias, envolvem essas empresas alavancadas”, refere o BCE.

Subscrever Newsletter

Mantenha-se atualizado sobre tudo o que se passa no sistema financeiro.

Ao subscrever aceito a Política de Privacidade