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Open Banking: a chave para um sistema financeiro mais justo
David Tirado, vice-presidente de Rentabilidade e Negócio Global na Revolut
10 Out 2025 - 18:19
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Os dados, e a forma como são utilizados, sempre foram fundamentais para a Banca. O uso eficaz dos dados permite avaliar o risco de forma mais precisa, personalizar serviços e fazer as coisas melhor, mais rápido e mais barato. No entanto, o rápido avanço da tecnologia em todos os aspetos da nossa vida, dos smartphones à inteligência artificial, está a levar a importância dos dados a outro nível.
Este boom na disponibilidade e no poder dos dados levanta uma grande questão para a sociedade: quem deve controlar os dados financeiros do cliente? Os bancos ou as Big Tech? Acreditamos que nenhum deles. Pensamos que devem ser os próprios clientes a ter esse controlo.
É por isso que a Revolut tem sido um forte apoiante global da regulação relacionada com o Open Banking e o Open Finance. Basicamente, estas regulações dão aos utilizadores o controlo dos seus dados – garantindo que podem partilhar, de forma segura e simples, os dados detidos por um banco com outro, e permitindo também enviar dinheiro entre contas bancárias com apenas um clique.
Porque é que isto é importante? Para a Europa, em particular, o Open Banking tem um potencial transformador. Apesar da ampla posse de contas bancárias, muitos consumidores continuam a enfrentar comissões elevadas, serviços inconsistentes e uma escolha limitada.
O Open Banking pode trazer transparência e tornar a obtenção de melhores condições tão simples quanto alguns cliques no telemóvel. Para as famílias que enfrentam a atual crise do custo de vida, comparações mais fáceis e a mudança imediata de fornecedor oferecem oportunidades vitais de poupança significativa. As pequenas empresas também têm muito a ganhar. Na Revolut Business, vemos diariamente como as integrações de Open Banking dão poder às PME, permitindo-lhes focar-se no crescimento em vez da burocracia.
Isto teve um papel fundamental para que a Europa se tornasse uma das líderes neste domínio, adotando em 2018 regras para desbloquear o acesso a dados de contas de pagamento em todo o continente.
Como resultado, já se registaram alguns impactos – por exemplo, no mercado de crédito. Dados recentes recolhidos pela Revolut indicam que um em cada quatro credores já utiliza o Open Banking nos seus processos de candidatura. Quase metade destes credores reporta reduções substanciais nos custos de decisão de crédito, e 43% afirmam que as suas decisões se tornaram significativamente mais precisas.
Mas há um grande problema que continua a travar a Europa: seis anos após a implementação, esta ainda é fragmentada e o mau desempenho é generalizado. Os dados internos da Revolut mostram que, no Sul da Europa, a utilização dos serviços de Open Banking é significativamente mais baixa (Espanha 48%, Itália 18%, Portugal 51%) em comparação com mercados vizinhos como o Reino Unido (83%), Alemanha (65%), França (59%) ou Irlanda (68%). Porque é que isto acontece? Porque, em muitos mercados, mais de 50% das vezes o sistema simplesmente não funciona.
Os governos e reguladores têm de enfrentar este problema com urgência. Ter as regras certas não serve de nada se não forem aplicadas. Interfaces padronizadas têm de se tornar a norma, impulsionando a inovação em todo o ecossistema. Igualmente importante é o investimento na literacia financeira, garantindo confiança e compreensão por parte dos consumidores.
O tempo está a contar, e a oportunidade é demasiado significativa para uma postura passiva. O Open Banking é uma oportunidade única para promover inclusão, concorrência e resiliência. O futuro pertence a quem o construir de forma aberta.
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