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Políticas de combate à lavagem de dinheiro encontram travão na Suíça em nome da competitividade

O Governo quer mais transparência, mas há oposição devido ao medo de perder competitividade. Concorrentes, como Hong Kong, Singapura e UAE, também crescem no mercado de gestão de património.

11 Set 2025 - 18:30

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Foto: Pexels

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A Suíça, pela mão do Governo, tem visto uma série de propostas para prevenir o crime financeiro no país. Contudo, estas têm contado com alguma oposição, sob o medo de o país ser destronado como maior centro de gestão de patrimónios. De acordo com um estudo da Boston Consulting Group citado pela agência Reuters, esta perda do lugar cimeiro pode ocorrer já em 2025, sendo substituída por Hong Kong. Também Singapura e os Emirados Árabes Unidos crescem neste campo.

É perante estas ameaças que os legisladores suíços mostram relutância em acrescentar exigências e regulação ao setor financeiro. O argumento da perda de competitividade é também usado na questão das novas regras de capital sobre o maior banco do país, o UBS, que combate há meses esta questão.

As propostas do Governo surgem no seguimento de apelos da Financial Action Task Force, um supervisor financeiro internacional, sobre os países serem mais transparentes em relação às ‘shell companies’. Em 2024, o país aplicou a taxa mínima de 15% da OCDE, bem como as regras finais de Basileia III, antes de outros grandes centros financeiros.

Em declarações à Reuters, Barbara Steinemann, do Partido Popular Suíço, lamentou que o país tenha implementado, ao longo dos anos, regras que aumentaram a burocracia e deterioraram a competitividade sempre que houve pressão internacional para isto, mesmo quando outros centros financeiros hesitaram em fazê-lo. Steinemann acredita que se trata de uma “guerra entre centros financeiros e interesses económicos” e acusa os americanos e os outros países europeus de quererem “apoderar-se” do negócio dos suíços.

A oposição está agora a contrariar medidas mais rígidas que visam impedir que advogados, administradores ou consultores corruptos facilitem a lavagem de dinheiro, considerando que as leis são “desnecessárias”. Por sua vez, Simone Gianini, dos Liberais de centro-direita, defende que a necessidade de transparência não pode levar a um excesso de regulação.

Do lado oposto, o líder da unidade de combate ao crime financeiro do país, Anton Broennimann, argumenta que a Suíça não se pode tornar atrativa para criminosas apenas por uma questão de competitividade. “Acolheríamos com agrado regras mais rigorosas para atividades de alto risco no setor de consultoria financeira, mesmo que alguns outros países atualmente não tenham obrigações nessa área”, reitera, em declarações à Reuters.

Estes dois partidos, aliados ao The Centre, têm maioria no Parlamento e já bloquearam, em 2020, uma iniciativa legislativa sobre lavagem de dinheiro. Beat Rieder, do The Centre, reiterou, em junho, perante os restantes deputados, que quando as leis são aprovadas, são implementadas até ao último detalhe, sugerindo que a Suíça já tem regras mais avançadas no combate à lavagem de dinheiro do que outros centros financeiros.

O Parlamento suíço isentou, em junho, as ONG de um registo de transparência, algo criticado pelo Governo. A par disto, também os acordos fiduciários foram isentados, o que a ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, considerou grave por serem particularmente propícios ao crime por poderem ser usados para ocultar a identidade de um cliente. Mais ainda, a câmara alta do Parlamento diminuiu as obrigações de ‘due diligence’ de consultores, livrando alguns advogados de implementarem medidas.

À Reuters, o Ministério das Finanças suíço referiu que um sistema para combater crime financeiro era essencial para a reputação e o sucesso de um centro financeiro internacional significativo. O fim do secretismo sobre a banca suíça expôs o país a maior competitividade internacional, após anos de pressão, lembra a Reuters. Ainda assim, a nível mundial, apenas os EUA permitem mais secretismo financeiro, segundo um ‘ranking’ da Tax Justice Network, citado pela agência de notícias.

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