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Trump investe contra a FED demitindo Lisa Cook
Presidente utiliza denúncia no Departamento de Justiça para tentar afastar governadora nomeada por Joe Biden
26 Ago 2025 - 09:07
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Lisa Cook governadora da FED | Foto: FED
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Lisa Cook governadora da FED | Foto: FED
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um novo passo na tentativa de influenciar a política monetária praticada pela Reserva Federal norte-americana (FED), ao despedir na segunda-feira a governadora Lisa Cook através da sua rede social Truth Social. Argumentando falta de “integridade” da governadora, Trump enviou uma carta a Cook onde afirmava: “Você está, por este meio, destituída do seu cargo no Conselho de Governadores da Reserva Federal, com efeito imediato.”
A polémica em torno de Cook, que foi nomeada para a FED por Joe Biden, rebentou na semana passada, quando o Departamento de Justiça anunciou a intenção de a investigar, após uma denúncia apresentada pelo diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional, Bill Pulte (apoiante de Trump), sobre uma alegada fraude hipotecária. Tal como acontece em Portugal, também nos EUA os empréstimos para crédito à habitação têm condições mais favoráveis quando se trata da compra da residência principal. Acontece que Cook terá contraído vários desses empréstimos declarando, em todos eles, que se tratava da aquisição da sua residência principal e permanente.
A governadora já reagiu, afirmando que “não pretendia ser intimidada a renunciar por causa de algumas perguntas levantadas nas redes sociais”, embora tenha garantido que “estou a reunir informações precisas para responder a quaisquer perguntas legítimas e fornecer os factos corretos”.
Forçar a saída de Cook, que ainda não confirmou se contestará a sua demissão em tribunal, daria a Trump a oportunidade de garantir a maioria de quatro dos sete membros do conselho, depois de outra governadora indicada por Biden, Adriana Kugler, ter anunciado, a 1 de agosto, que deixaria o cargo mais cedo.
Segundo a agência de notícias Associated Press, tratou-se de uma medida sem precedentes que marcou o agravamento das posições do Presidente dos Estados Unidos no sentido de exercer um maior controlo da Reserva Federal.
“A decisão de Trump de destituir a governadora da Reserva Federal abalou a confiança na instituição que sustenta o sistema financeiro mundial”, disse à Associated Press Nigel Green, da consultora financeira deVere Group.
“Os investidores estão a reagir porque a independência do banco central é crucial para a estabilidade do mercado, e qualquer sinal de condicionamento político faz ‘soar os alarmes’ em todo o lado”, acrescentou.
Além de abalar os mercados financeiros, é provável que o assunto venha a desencadear uma extensa batalha judicial entre a Presidência dos Estados Unidos e Lisa Cook.
Os mercados bolsistas europeus estão em queda e na abertura de Wall Street a tendência também era negativa.
O mandato de Lisa Cook na FED estava previsto durar até 2038, mas o Federal Reserve Act permite a remoção de um governador em exercício se for invocada a “por justa causa”, adiantou nesta terça-feira a agência Reuters.
Esse poder nunca foi testado por nenhum presidente dos EUA que, sobretudo desde a década de 1970, têm adotado uma abordagem mais suave em relação às questões da FED, como forma de garantir confiança na política monetária dos EUA.
Juristas e historiadores referem que o emaranhado de questões que poderiam ser levantadas numa eventual contestação legal abrangeria matérias relacionadas com os poderes do executivo, a natureza quase privada e a história singular da FED, bem como a avaliação sobre se algum ato de Lisa Cook constituiria, de facto, motivo para remoção.
Peter Conti-Brown, especialista em história da FED na Universidade da Pensilvânia, sublinhou que as transações hipotecárias em causa antecederam a nomeação de Cook para a FED e estavam registadas em documentos públicos quando a governadora foi examinada e confirmada pelo Senado.
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