O UniCredit anuncia nesta quarta-feira que aumentou a sua participação no Commerzbank para cerca de 28%, dando continuidade à sua estratégia de crescimento no banco alemão.

“Hoje o UniCredit subscreveu novos instrumentos financeiros relativos às ações do Commerzbank, em linha com o objetivo anteriormente declarado de atingir uma participação de até 29,9%. A posição global do UniCredit ascende agora a cerca de 28%, dos quais 9,5% através de participação direta e aproximadamente 18,5% através de instrumentos derivados”, refere o banco em comunicado.

O UniCredit apresentou a documentação regulamentar necessária para adquirir uma participação no Commerzbank acima de 10% e até 29,9%. O processo de autorização está agora ativado e as interações com as autoridades estão em curso.

Esta transação confirma a visão do UniCredit de que “existe um valor significativo dentro do Commerzbank que precisa de ser consolidado”, refere a instituição. Acrescentando que a movimentação também “reflete a confiança na Alemanha, nas suas empresas e comunidades, bem como a importância de um setor bancário forte no apoio ao desenvolvimento económico do país”.

O UniCredit esclarece ainda que a posição atual permanece apenas como investimento e não tem impacto na oferta pública de troca com o Banco BPM. “O principal objetivo da equipa de gestão do UniCredit continua a ser a continuação do UniCredit Unlocked e a obtenção de um crescimento sustentável e distribuição aos acionistas. Na verdade, é aqui que o UniCredit continua a acreditar que pode extrair o máximo valor para todos os seus stakeholders”, pode ler-se na nota divulgada.

Crescimento na Alemanha

Recorde-se que o UniCredit tem mostrado vontade de adquirir mais ações daquele que é o segundo maior banco privado da Alemanha, apesar de o Governo alemão não querer que o domínio do banco passe para mãos estrangeiras.

Porém, o UniCredit tem aumentado gradualmente a sua participação no Commerzbank. Em setembro de 2024, adquiriu uma participação inicial de 9%, comprando metade desse percentual ao governo alemão, que detinha ações desde a crise financeira de 2009. Posteriormente, elevou sua participação no Commerzbank para 21% e, agora, para 28%, combinando ações diretas e instrumentos financeiros derivados.

Segundo os analistas, estas movimentações indicam uma possível intenção de o UniCredit adquirir o controlo total do Commerzbank, o que tem gerado reações mistas. Autoridades e setores financeiros na Alemanha consideraram a iniciativa “não amigável”, expressando preocupações sobre a soberania económica e possíveis impactos no emprego.

Em resposta, o Commerzbank está a explorar a possibilidade de adquirir um banco alemão de média dimensão como estratégia defensiva contra uma potencial aquisição pelo UniCredit.

O banco italiano, sob a liderança do CEO Andrea Orcel, pretende expandir a sua presença na Europa e a aquisição do Commerzbank pode ser um passo estratégico nesse sentido. No entanto, a transação enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de aprovações regulatórias e a resistência de “stakeholders” na Alemanha.