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Novo compromisso climático dos bancos “continua a ser ambicioso”

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A agência de notação Morningstar DBRS avalia a revisão de metas climáticas da Net-Zero Banking Alliance como “pragmática” perante o ritmo lento de transição que se verifica no setor e novas condicionantes geopolíticas.

17 Mar 2025 - 07:09

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Foto: Pexels/Karolina Grabowska

Foto: Pexels/Karolina Grabowska

A Net Zero Banking Alliance (NZBA) anunciou que irá substituir o seu compromisso de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus celsius por um compromisso de alinhamento com um nível de aquecimento abaixo de 2,0 graus celsius. Uma revisão de metas que a Morningstar DBRS considera “pragmática, dado o ritmo lento da transição a que temos assistido, embora continue a ser um objetivo ambicioso”.

Num novo comentário, a agência de notação de crédito considera que os bancos estão, em geral, “mais bem equipados” hoje do que em 2015 para enfrentar os riscos das alterações climáticas. E que as alterações na ambição “não terão implicações materiais para a fiabilidade creditícia dos nossos bancos”. Porém, sublinha que esforços mais dispendiosos, por serem adiados, poderão afetar os custos do crédito a longo prazo.

“Os grandes bancos estão geralmente familiarizados com as várias formas de riscos que as alterações climáticas podem assumir, como evidenciado pelos seus relatórios sobre o clima e graças à crescente utilização de cenários climáticos, que continuam a ser melhorados para refletir a evolução dos compromissos climáticos (como a implementação de políticas climáticas menos ambiciosas), novos dados económicos e novas versões de modelos”, afirma Vitaline Yeterian, vice-presidente sénior da European Financial Institution Ratings da Moorningstar. Como tal, “esperamos que os grandes bancos continuem a ajustar a sua estratégia, governação e sistemas de gestão do risco em conformidade”, acrescenta.

A NZBA é um programa ambiental liderado pelas Nações Unidas, cujos membros estão empenhados em alinhar de forma independente as suas atividades de financiamento com a neutralidade carbónica até 2050. A aliança inclui atualmente 132 membros bancários em 44 países, com um total de 54 biliões de dólares em ativos.

Os membros comprometem-se com objetivos ambientais numa base voluntária. No entanto, a recente saída de grandes bancos dos EUA e de alguns bancos canadianos evidenciou uma crescente reação contra os compromissos climáticos, designadamente após a eleição de Donald Trump para a Casa Branca e pelas condicionantes geopolíticas globais, em que vários governos têm de enfrentar as guerras comerciais impostas pelo presidente dos EUA e aumentar as despesas na área da defesa.

Apesar da alteração das metas, a agência recorda que os riscos físicos decorrentes das alterações climáticas não desaparecerão. E chama a atenção para o facto de a redução da cobertura de seguro e a menor acessibilidade dos seguros já estarem a acontecer em famílias que residem em áreas expostas a condições meteorológicas extremas, o que, por sua vez, “pode aumentar os custos de crédito para os bancos, assumindo que não há ajustes nos modelos de gestão de risco”, prevê a agência.

A Morningstar DBRS destaca também que as perdas dos bancos podem materializar-se como resultado de uma série de fatores. “Para além de serem vulneráveis a um ambiente económico em deterioração, os bancos podem sofrer com a reputação manchada, o que, em casos extremos, pode levar a uma perda de confiança e resultar numa corrida ao banco”, refere a DBRS.

Menos membros, menos ação coletiva

Menos membros na NZBA significa menos ação coletiva e menor eficácia, salienta a Morningstar DBRS, uma vez que o objetivo é limitar as emissões e a intensidade de carbono a nível mundial.

Os bancos que são membros da NZBA estão empenhados em reduzir as emissões de carbono ligadas ao seu financiamento. Trata-se de apoiar os seus clientes empresariais no sentido de criar economias com menos emissões de carbono, o que envolve políticas climáticas governamentais de apoio, novas tecnologias e procura. Implica ainda a redução dos empréstimos a empresas que operam em setores com elevadas emissões, se essas empresas não tiverem planos credíveis de adaptação.

Sob a administração Trump, os progressos dos EUA no sentido de uma economia com menos emissões de carbono foram interrompidos. Porém, outros países continuam a impulsionar as suas transições para a neutralidade carbónica. No entanto, lembra a agência, a cooperação internacional em iniciativas relacionadas com o clima está a diminuir, “o que pode levar a um ambiente geralmente menos favorável à transição das empresas, menos investigação, menos desenvolvimento tecnológico, menos políticas climáticas e, em geral, mais incerteza”. Porém, uma mudança nos compromissos “ainda está dentro do Acordo de Paris”.

 

 

 

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