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CEO do CaixaBank cauteloso sobre consolidação bancária europeia
Gonzalo Gortázar alerta para a necessidade de haver sinergias culturais e económicas entre países para as fusões de bancos resultarem. E cita a aquisição do BPI como caso de sucesso por ter ocorrido numa região homogénea.
08 Jan 2025 - 16:18
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Gonzalo Gortázar, presidente executivo do CaixaBank | Foto: CaixaBank
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Gonzalo Gortázar, presidente executivo do CaixaBank | Foto: CaixaBank
O CEO do CaixaBank tem uma visão cautelosa sobre a consolidação bancária na Europa, destacando as suas complexidades no atual cenário económico e regulatório do continente. Em entrevista à revista The Banker, Gonzalo Gortázar alerta para a necessidade de haver sinergias culturais e económicas entre países para as fusões de bancos resultarem.
O CaixaBank, sob a liderança de Gortázar, tem-se destacado como um dos poucos grandes bancos europeus com experiência bem-sucedida tanto em aquisições domésticas quanto em fusões internacionais. A aquisição do Bankia, em 2021, é considerada um marco. “Tivemos grande sucesso com o Bankia, com mais de mil milhões de euros em economia de custos, executada de forma muito rápida e com interrupção limitada”, afirmou Gortázar.
A aquisição do BPI pelo CaixaBank, em 2017, é também referida como bem-sucedida, dadas as semelhanças culturais e económicas entre Portugal e Espanha, observa o CEO, referindo que sinergias semelhantes só são possíveis em regiões igualmente homogéneas, como a Escandinávia e o Benelux. O CEO defende, por isso, cautela na avaliação de movimentos a nível internacional. “Eu posso ver uma justificativa clara para a criação de valor em negócios domésticos […] Mas o ângulo transfronteiriço é muito menos claro para mim”. Acrescentando: “Não vi transações bem-sucedidas no continente em termos de criação de valor quando se vai além dessas regiões, pois as sinergias não estão lá”.
Porém, Gortázar argumenta que o aumento da participação do espanhol UniCredit no alemão Commerzbank é uma exceção à regra, dada a presença atual do UniCredit na Alemanha através do HypoVereinsbank, do qual é acionista há 20 anos.
Mas, além desse exemplo, considera que fazer uma mega transação não faz sentido, pois, na sua perspetiva, o banco ampliado será duas vezes maior, mas cinco vezes mais complexo.
“Muitas vezes diz-se que precisamos de ter bancos maiores na Europa para competir com os EUA. Discordo, pois alguns dos grandes bancos europeus são bem grandes, comparados com os dos EUA, em tamanho de ativos”, observa Gortázar. Recorde-se que o BNP Paribas e o Crédit Agricole estão classificados em oitavo e nono lugar no mundo em termos de ativos, de acordo com o The Banker Database.
Desafios estruturais na Europa
O CEO também enfatizou que obstáculos regulatórios e diferenças de mercado em países como França, Itália, Alemanha e Espanha limitam a viabilidade de fusões internacionais. Segundo Gortázar, esses fatores tornam mais importante fortalecer o mercado comum europeu e a união bancária, antes de promover grandes consolidações transfronteiriças.
Entre os desafios práticos, mencionou os altos custos e dificuldades de integração de sistemas tecnológicos entre mercados distintos. “Não faz sentido e ninguém está a fazer isso, porque França não é Espanha e vice-versa”, disse Gortázar.
No entanto, o CEO vê um cenário mais favorável para o sistema bancário espanhol, impulsionado pelo desempenho sólido da economia do país. O crescimento do PIB de Espanha em 2024, projetado pelo FMI em 2,9%, supera em muito a média da UE de 1,1%.
Essa correlação entre a economia e o setor bancário, segundo Gortázar, resulta em maior lucro da banca comercial espanhola, em comparação com mercados como França e Alemanha.
Gortázar também destacou a necessidade de reduzir a dependência europeia de terceiros países, particularmente dos EUA, em setores estratégicos como tecnologia e finanças. Assinala o domínio de empresas como Visa, Mastercard, Amazon e Google e alerta sobre os riscos dessa dependência. “Precisamos de ter a certeza de que não somos completamente dependentes de terceiros países”, afirmou.
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