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Euro digital é “estratégico para a Europa”
Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do BCE, defende que a dependência de operadores estrangeiros prejudica a competitividade europeia. E que a introdução de um euro digital poderá salvaguardar a soberania monetária e promover a inovação.
09 Jan 2025 - 14:04
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Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do BCE | Foto: BCE
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Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do BCE | Foto: BCE
Piero Cipollone, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), destaca a importância do euro digital como ferramenta para garantir a autonomia estratégica da União Europeia (UE). “O euro digital tem uma dimensão interna e serve para reforçar a autonomia estratégica da área do euro”, referiu em entrevista concedida ao jornal italiano Corriere della Sera. Acrescentando que “os pagamentos são um bom exemplo de um setor em que não aproveitamos ao máximo a escala da Europa, mas dependemos de empresas estrangeiras – empresas dos EUA hoje e talvez até empresas chinesas amanhã”.
Tendo em conta que hoje o comércio online representa cerca de 36% das transações em termos de valor, Cipollone defende que “os cidadãos europeus precisam de ter a opção adicional de usar uma forma digital de dinheiro que seja simples de usar e que permita que os pagamentos sejam feitos em toda a área do euro. Caso contrário, continuaremos a depender de fornecedores de serviços de pagamento estrangeiros para quaisquer compras feitas com cartões e telemóveis”. Na entrevista, salienta que, na atualidade, sempre que um europeu usa um cartão, duas em cada três vezes recorre aos serviços de uma operadora não europeia. “Essa dependência reflete-se em taxas mais altas pagas pelo comerciante e, em última análise, pelos consumidores europeus”, assinalou.
Cipollone sublinhou que a introdução de um euro digital não só salvaguardaria a soberania monetária da região como também permitiria inovações como reembolsos automáticos e serviços mais competitivos no mercado global.
Euro digital permitirá independência e inovação
Relativamente ao desenvolvimento de ‘stablecoins’, um tipo de criptomoeda projetada para minimizar a volatilidade de preços, proporcionando maior estabilidade em comparação com outras criptomoedas como Bitcoin ou Ethereum, o dirigente do BCE sublinha que, no futuro, o euro digital “permitirá salvaguardar o uso da nossa moeda e, portanto, a nossa independência inclusive com relação às stablecoins, que atualmente são baseadas principalmente no dólar americano. Além disso, o euro digital fornecerá às empresas europeias uma infraestrutura que lhes permitirá oferecer não apenas serviços tradicionais, mas também serviços mais inovadores baseados em pagamentos condicionais, em toda a área do euro”. E exemplifica: “Os bancos europeus poderiam desenvolver soluções que ofereçam reembolsos digitais automáticos aos cidadãos se uma empresa atrasar a prestação de um serviço. A capacidade de competir mais fortemente no mercado europeu graças à infraestrutura fornecida pelo euro digital e às inovações associadas em produtos e serviços fortaleceria as empresas europeias e colocá-las-ia em posição de oferecer os seus serviços no resto do mundo também, como os seus pares de outras jurisdições fazem hoje. Esta seria outra maneira de salvaguardar o papel do euro”.
Ao abordar a crise estrutural que afeta a competitividade europeia, Cipollone destacou a necessidade de inovação e de um mercado único mais integrado. “Os europeus não estão a fica para trás em termos de patentes, mas os nossos inventores acabam por ir para os Estados Unidos. Estamos a perder a corrida da escalabilidade e da tecnologia de fronteira”, explicou. Para o dirigente, o problema reside na fragmentação do mercado europeu, que impacta tarifas de 44% sobre bens e 110% sobre serviços, segundo estimativas do FMI.
Cipollone enfatizou que o foco deve estar nos setores que impulsionam a produtividade, como tecnologia e finanças, em vez de tentar competir em custos de produção. E destacou que os benefícios da inovação frequentemente são capturados por monopólios americanos, o que aumenta os custos para empresas europeias.
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