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Luis de Guindos: “A economia está a perder dinamismo”
O vice-presidente do Banco Central Europeu destaca a resiliência dos bancos e os progressos que os países da Zona Euro estão a fazer no controlo da inflação, mas alerta para os riscos de fraco crescimento e incerteza global.
15 Jan 2025 - 16:00
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Luis de Guindos, vice-presidente do BCE | Foto: BCE/ Maria Rita Quitadamo
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Luis de Guindos, vice-presidente do BCE | Foto: BCE/ Maria Rita Quitadamo
Luis de Guindos apresentou uma visão mista sobre o estado da economia da área do euro, no seu discurso, nesta quarta-feira, na 15ª edição do fórum do Dia do Investidor de Espanha, que decorreu em Madrid.
Apesar dos avanços na redução da inflação, que deverá atingir 2,1% em 2025, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) manifestou preocupação com o fraco crescimento económico. “A economia está a perder dinamismo”, explicando que o abrandamento é impulsionado por fatores como tensões no comércio global, incertezas políticas e fiscais em alguns países da Zona Euro, e o impacto continuado do aperto monetário implementado em anos anteriores.
Progresso no controlo da inflação
Luis de Guindos fez questão de destacar os avanços no combate à inflação. Após atingir picos históricos no final de 2022, a inflação caiu de forma substancial, aproximando-se da meta de 2% estabelecida pelo BCE. Em 2024, a inflação média foi de 2,4%, enquanto as projeções para 2025 apontam para 2,1%. “A trajetória da desinflação está bem encaminhada”, declarou o vice-presidente, sublinhando que as condições estão a evoluir de forma favorável para a estabilização dos preços no médio prazo.
No entanto, o responsável alertou que algumas pressões inflacionárias permanecem. “Embora a inflação doméstica tenha diminuído, ainda está elevada, acima dos 4%, devido ao ajustamento tardio dos salários e preços em alguns setores”, explicou. Apesar disso, espera-se que o crescimento salarial moderado continue a contribuir para a convergência da inflação com a meta do BCE.
Estabilidade financeira em foco
No que toca à estabilidade financeira, De Guindos destacou alguns riscos significativos. “Choques de mercado mais amplos podem desencadear saídas repentinas de fundos de investimento, amplificando quedas nos preços dos ativos”, afirmou, referindo-se às vulnerabilidades no setor financeiro não bancário.
Por outro lado, os bancos da área do euro continuam a demonstrar resiliência. “Os rácios de capital são sólidos, os buffers de liquidez estão robustos e os lucros são elevados”, destacou. No entanto, De Guindos alertou que o pico da rentabilidade bancária pode já ter sido atingido, dado o abrandamento das taxas de juro e o aumento gradual das perdas de crédito.
O vice-presidente reforçou ainda a necessidade de melhorar a regulamentação macroprudencial para os intermediários financeiros não bancários, com o objetivo de aumentar a resiliência do setor.
Crescimento económico enfraquecido
Apesar dos progressos no controlo da inflação, a economia da área do euro enfrenta uma recuperação lenta. Em 2024, o crescimento foi de apenas 0,7%, e as projeções para 2025 indicam uma expansão modesta de pouco mais de 1%. “Os investimentos estão a ser adiados, e as exportações permanecem fracas, com algumas indústrias europeias a enfrentar dificuldades de competitividade”, observou De Guindos.
Embora o mercado de trabalho continue resiliente – com uma taxa de desemprego de 6,3% em outubro de 2024 –, o crescimento no setor industrial permanece contraído, enquanto o setor dos serviços dá sinais de abrandamento. De Guindos apontou ainda para o impacto dos preços elevados da energia e dos custos regulatórios, que continuam a pesar sobre as empresas e o consumo.
Política monetária prudente e adaptável
Sobre a política monetária, De Guindos sublinhou a importância de uma abordagem cautelosa, num ambiente global marcado por elevada incerteza. Desde junho de 2024, o BCE reduziu as taxas de juro em 100 pontos base, incluindo uma descida de 25 pontos base em dezembro. “A elevada incerteza exige uma abordagem dependente dos dados e avaliação reunião a reunião”, afirmou.
Entre os riscos identificados, o vice-presidente destacou a possibilidade de fricções comerciais globais, novas tensões geopolíticas e o impacto das políticas fiscais na área do euro. Segundo De Guindos, o BCE não está a comprometer-se com um caminho rígido para as taxas de juro. “Estamos determinados a garantir que a inflação estabilize de forma sustentável no nosso objetivo de 2%”, reiterou. De Guindos concluiu o discurso reafirmando o compromisso do BCE com a estabilidade de preços e a resiliência económica.
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