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Quatro maiores bancos dos EUA detêm 62% dos depósitos na região devastada pelos incêndios da Califórnia
Com os impactos dos prejuízos ainda por apurar, a S&P Global Market Intelligence alerta para os riscos de crédito “significativos” que as instituições financeiras enfrentam decorrentes destes incêndios.
27 Jan 2025 - 11:32
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Foto: JPMorgan
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Foto: JPMorgan
Os quatro maiores bancos dos EUA, JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo e Citigroup, dominam a quota de mercado dos depósitos no epicentro dos incêndios que têm assolado a região de Los Angeles, na Califórnia. Em conjunto, os quatro bancos detêm 62% dos depósitos do condado, com um limite máximo de mil milhões de dólares por agência. O JPMorgan Chase detém o maior número de depósitos na área, com 86,51 mil milhões de dólares, ou seja, 22,91% da quota de mercado de depósitos num total de 245 agências ativas, de acordo com dados avançados pela S&P Global Market Intelligence.
Os números são divulgados na altura em que se fazem contas aos prejuízos decorrentes dos incêndios, incluindo no sistema financeiro. Apesar de a contabilização dos prejuízos ainda não estar concluída, os analistas avançam que “estes gigantes financeiros, juntamente com outras instituições bancárias da região, podem enfrentar riscos de crédito significativos devido aos incêndios florestais que devastam a área, sobretudo em relação a imóveis não segurados”.
Os analistas alertam que a ausência de seguros em propriedades afetadas pelos incêndios pode levar a prejuízos consideráveis para os bancos. Algumas seguradoras têm vindo a reduzir a cobertura em áreas de maior risco na Califórnia, incluindo localidades como Pacific Palisades.
Apesar de ainda ser cedo para avaliar o impacto total, Matthew Clark, analista da Piper Sandler, citado no estudo, prevê que o crédito será o maior desafio a curto prazo. O analista explicou que os bancos normalmente exigem seguros contra incêndios como parte do processo de concessão de empréstimos. Contudo, se os seguros tiverem expirado após a emissão dos empréstimos, os bancos poderão sofrer perdas consideráveis. Clark espera que as instituições divulguem mais informações sobre a sua exposição e cobertura de seguro nos próximos tempos.
A S&P Global Market Intelligence destaca que os incêndios florestais em Los Angeles representam uma “ameaça económica significativa”, especialmente para bancos que operam em áreas de alto risco. “À medida que as seguradoras recuam, resta saber até que ponto as instituições bancárias terão de lidar com imóveis sem proteção e quais serão as repercussões no mercado financeiro local”, refere a consultora.
Embora o curto prazo seja marcado por riscos de crédito, o processo de reconstrução apresenta um cenário positivo para o futuro e representa uma oportunidade. Os analistas apontam para um aumento no crescimento de empréstimos à medida que Los Angeles se reconstrói e se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de 2028. “Espera-se um grande esforço de reconstrução, com muita construção ao longo dos anos”, afirma Matthew Clark. Acrescentando que “vai levar anos, mas eu suspeitaria que todos os bancos que atuam nesse mercado vão querer participar”.
Segurança financeira questionada
Uma outra análise põe a tónica no risco que os incêndios representam para os bancos e também para toda a economia. “Os incêndios na Califórnia destruíram tristemente comunidades inteiras e exerceram uma enorme pressão sobre os proprietários de casas, as empresas e as instituições financeiras. Só os incêndios de Palisades e Eaton destruíram 12.000 casas e estruturas, causando prejuízos estimados entre 250 e 275 mil milhões de dólares. Esta devastação é um lembrete claro dos riscos financeiros crescentes associados às alterações climáticas e à frequência cada vez maior das catástrofes naturais”, refere Shayna Olesiuk, diretora de Política Bancária da consultora Better Markets.
Perante os dados apurados por esta consultora, a diretora de Política Bancária sublinha que “a situação atual não diz respeito apenas a casas e seguros, diz respeito à segurança financeira de todo o país. À medida que os incêndios florestais continuam a devastar comunidades, os riscos sistémicos que podem afetar todos os setores da economia estão a tornar-se ainda mais óbvios”.
Neste sentido, defende que “a Reserva Federal e outros organismos reguladores têm de agir urgentemente para exigir que os bancos revelem a sua exposição aos riscos relacionados com o clima e tomem medidas significativas para salvaguardar o sistema financeiro destes perigos e choques inevitáveis”. Na sua perspetiva, “sem medidas regulamentares adequadas para fazer face aos riscos financeiros relacionados com o clima, esta crise poderá transformar-se numa catástrofe económica nacional”.
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