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S&P retrata banca portuguesa dependente de margens financeiras
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A empresa de notações caracteriza a banca nacional como "resiliente". Prevê um declínio de lucros devido a cortes nas taxas de juro previstos para 2025, mas os rácios de capital são fortes, superando a média da Zona Euro.
22 Jan 2025 - 11:15
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A S&P divulgou nesta terça-feira um relatório sobre a banca portuguesa e as suas previsões para 2025. De acordo com a empresa de notações, os bancos portugueses e os seus lucros vão continuar resilientes neste ano, mas apontam uma grande dependência das margens financeiras para as receitas.
Esta componente representa perto de 80% das receitas dos bancos, com perto de 20% das mesmas a terem origem nas comissões. Na ponta oposta, ilustra, estão os bancos franceses, cujas margens representam 40% das receitas e as comissões outra fatia idêntica. Ainda neste campo, o relatório reforça também que os depósitos representam cerca de 90% do financiamento dos bancos portugueses e assim vai continuar, com a cobertura por liquidez a manter-se “ampla”, assegura.
Prevê-se, no entanto, um declínio nas receitas e lucros das instituições financeiras precisamente devido à compressão das margens financeiras, fruto da redução das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu. Para 2025, é estimado que o regulador europeu corte as taxas de juro até estabilizar nos 2%.
No entanto, o relatório sublinha também que o ambiente económico favorável português, aliado aos custos de crédito previsivelmente estáveis, contribui para uma manutenção da qualidade dos ativos dos bancos. A capacidade financeira dos portugueses também aponta para uma redução do custo de risco.
Apesar desta quebra de receitas, a S&P conta com uma rendibilidade sólida. O ROE (‘return on equity’) da banca nacional cresceu de forma expressiva nos últimos anos, aproximando-se da média das outras instituições. A título de exemplo, em 2017, os bancos portugueses apresentavam um ROE a rondar os 3%, menos de metade dos mais de 8% dos seus pares. Segundo os dados de 2023, os bancos nacionais atingiram um ROE médio quase a bater nos 14%, a escassas décimas da concorrência.
As previsões da S&P colocam o Santander em destaque face aos concorrentes, com um ROE estimado de 28% para 2024 e perspetivando mais de 25% em 2025. Para comparar, o segundo lugar de 2024 vai para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), com cerca de 17% e, em 2025, o BCP e a CGD devem ficar ambos próximos de 15%.
A par (e a superar) a Zona Euro
A nível europeu, o relatório destaca o caminho feito pela banca portuguesa nos últimos anos. Dos vários indicadores, sobressai a redução do número de agências e colaboradores, que contribuiu para o aumento da eficiência dos bancos portugueses.
Nestes parâmetros, os bancos portugueses foram além dos seus pares europeus. “Os bancos vão continuar a colher os frutos de uma reestruturação significativa e de um esforço de ‘downsizing’ ao longo da última década”, argumenta a S&P. Por sua vez, o rácio de eficiência médio dos bancos portugueses atingiu um recorde de 37% em 2023, sendo que o relatório prevê agora que estabilize nuns “saudáveis 40%” em 2025.
Também ao nível dos rácios de capital a banca nacional sobressai. Em 2014, o rácio de capital total médio da banca estava pouco acima de 12% enquanto a média da Zona Euro se situava nos 16%. À data de junho de 2024, Portugal conseguiu inverter esta métrica, com um rácio perto de 21% e os parceiros europeus com 20%.
Já o rácio CET1 em Portugal subiu de pouco mais de 11% em 2014 para perto de 18% em junho do ano passado. No mesmo período, a Zona Euro viu o seu rácio aumentar de 13% para ligeiramente acima de 16%. Neste domínio, a S&P aponta a CGD como o banco que maior capitalização deve apresentar em 2025, com 12%. O relatório realça também que os bancos superam “largamente” os requisitos de CET1 e também os de MREL – estes últimos com menos margem.
Geopolítica mantém-se como fator de risco preponderante
O relatório elenca quatro riscos principais a ter em conta pela banca portuguesa. Um desempenho económico abaixo do esperado e a rápida escalada de tensões geopolíticas são algo a ter em conta. “Ambos conduziriam provavelmente a um aumento do desemprego, a perspetivas de negócio mais fracas para os bancos e a uma acumulação mais rápida de empréstimos problemáticos”, alerta.
A subida dos preços de habitação acima do esperado podem contribuir para um desequilíbrio nas contas das instituições financeiras, forçando os bancos a constituir provisões inesperadas. A intensificação da concorrência e a incapacidade dos bancos de baixarem a remuneração dos depósitos em tempo útil pode deteriorar as suas margens financeiras.
Por fim, a impreparação face a riscos emergentes – como ciberataques e fenómenos climáticos extremos – pode levar a “perdas financeiras e reputacionais significativas para os bancos menos preparados”.
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