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Banco de Portugal prevê “deterioração das contas públicas” no futuro
Mário Centeno coloca o foco nos riscos geopolíticos como problemáticos para a economia. "Há também riscos económicos a nível mundial", relembra, referindo-se à futura administração Trump e às suas possíveis tarifas.
13 Dez 2024 - 11:17
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Mario Centeno, governador do Banco de Portugal
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Mario Centeno, governador do Banco de Portugal
O Banco de Portugal (BdP) divulgou nesta sexta-feira o boletim económico de dezembro em que mantém, em geral, as previsões anteriores para a economia portuguesa. No entanto, o governador da entidade reguladora, Mário Centeno, aponta para uma “deterioração das contas públicas”, com 2026 a atingir um saldo negativo de 1% do PIB, o pior dos cenários previstos para os próximos anos.
Para 2024, a previsão é de 0,6% de excedente. No entanto, já em 2025, o saldo vai no sentido inverso, chegando a 0,1% de défice, agravando-se para um défice de 1% em 2026 e 0,9% em 2027. Centeno destaca também os máximos de despesa pública desde os anos 90, algo para o qual, argumenta, o BdP tem vindo a alertar e considera preocupante.
“Apenas dois países europeus têm números semelhantes na Europa”, sublinha ao falar das atuais contas públicas estáveis. “É uma situação invejável e não a podemos perder”, reitera. Ainda sobre a despesa pública, deixa um aviso sobre o possível incumprimento das regras europeias.
Por outro lado, a queda da dívida pública em função do PIB é um fator positivo destacado pela entidade reguladora, prevendo que esta vai atingir 81,3% do PIB em 2027. A previsão para 2024 é que o ano feche com a dívida pública em 91,2% do PIB.
Sobre o crescimento da economia, o BdP prevê um aumento de 1,7% para este ano, 2,2% nos próximos dois anos e um retorno a 1,7% em 2027. A desaceleração da economia deve estar independente de choques internos no contexto económico português, refere Mário Centeno. O crescimento para o ano que está para terminar deve-se, sobretudo, ao consumo e procura interna, justifica o regulador.
O governador refere que “o atraso no PRR vai acelerar o investimento em 2025”, pela sua execução num período de tempo menor, mas recorda que este investimento termina em 2027, o que vai causar, naturalmente, uma desaceleração.
O BdP prevê um crescimento em cadeia do PIB de 0,7%, sendo que o crescimento nos últimos dois trimestres foi de 0,2%.
A inflação, por sua vez, está a convergir com os objetivos de médio-prazo do BCE, que Centeno considera positivo. Está prevista uma redução para 2,6% este ano, 2,1% em 2025 e uma estabilização em 2% nos dois anos seguintes. Recorde-se que, em 2023, a inflação foi 5,3%.
Estas previsões, esclarece o líder do BdP, têm em conta os fatores externos, como a desaceleração da economia europeia e a situação das taxas de juro.
As exportações estão previstas aumentar 3,9% em 2024 e, em média 3,2% entre 2025 e 2027. “As exportações de bens recuperaram em 2024, de forma mais marcada do que noutros países da área do euro, onde o setor exportador tem sido afetado por problemas de competitividade”, destaca este relatório. No que toca às importações, espera-se um aumento das mesmas ao longo dos próximos anos.
Em relação ao desemprego, o governador do BdP realça que a “taxa natural de desemprego está em queda há mais de dez anos. Esta tendência estabilizou e esta evolução beneficia o crescimento do rendimento disponível, a situação do mercado de trabalho e a situação das contas públicas”. Por outro lado, o nível de emprego deve continuar a crescer ainda que a um ritmo mais baixo.
Um dos maiores focos do governador do BdP foi o crescimento dos rendimentos e a melhoria dos salários em Portugal. Para 2024, “o rendimento disponível real regista um aumento historicamente elevado” de 7,1%. Em 2023, este aumento foi 2,3%.
Mais uma vez, tal como na apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira do mês passado, os riscos geopolíticos são uma grande preocupação para a economia nacional, refere o relatório. “Há também riscos económicos a nível mundial”, relembra, referindo-se à futura administração Trump e às suas possíveis tarifas. Dentro dos riscos comportamentais, realça a maior poupança das famílias, o que leva, consequentemente, a um menor consumo. “O pano de fundo da economia portuguesa sofre do mesmo que as outras economias sofrem”, lamenta.
Ainda sobre a poupança dos portugueses, Centeno avisa que os reembolsos do IRS podem ser mais baixos em 2025, fruto das alterações ao modelo deste imposto.
Questionado sobre as diferenças com o Governo nas previsões e em termos orçamentais, o governador aponta para as divergências nos modelos de avaliação e os critérios que cada órgão segue.
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