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Bancos do sul da Europa podem enfrentar perdas de 2,5% devido às alterações climáticas

Relatório analisa impacto em 73 bancos que operam no Espaço Económico Europeu em vários cenários. Bancos do sul são os mais expostos às alterações climáticas.

24 Jan 2025 - 16:04

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Foto: Pixabay

Foto: Pixabay

Os bancos europeus enfrentam riscos acrescidos nas suas carteiras de crédito devido às alterações climáticas, tanto pelos efeitos físicos, como inundações, secas e incêndios florestais, quanto pelos riscos de transição associados a políticas que promovem uma economia de baixo carbono. Neste cenário, os bancos do sul da Europa são particularmente vulneráveis, podendo enfrentar perdas anuais adicionais superiores a 250 pontos base, principalmente devido a uma maior exposição a riscos físicos.

Os dados são avançados pela Scope Ratings no relatório “Testes de stress aos bancos europeus para perdas relacionadas com o clima“, que analisou as potenciais perdas para 73 bancos que operam no Espaço Económico Europeu em vários cenários.

Utilizando os cenários climáticos delineados pela Rede de Bancos Centrais e Supervisores para a Ecologização do Sistema Financeiro (NGFS, na sigla em inglês) e com base na atual rendibilidade pré-provisão, os bancos enfrentam perdas de crédito potenciais substanciais. Os grandes bancos europeus (com ativos superiores a 500 mil milhões de euros) poderão ver o retorno da sua carteira de crédito antes de impostos sobre os ativos (cROA) completamente anulado a longo prazo, refere o estudo.

As perdas de crédito poderão quase triplicar nos cenários de ‘desordem’ e de “casa quente” do NGFS. Os choques económicos decorrentes das alterações climáticas poderiam empurrar o retorno da carteira para território negativo para 21 bancos no cenário ‘desordenado’ e 19 bancos no cenário “casa quente”.

De referir que os três cenários em análise são ‘ordenado’, com introdução atempada de políticas climáticas. O cenário ‘desordenado’ é quando se regista a introdução tardia de políticas climáticas e consequente aumento do risco de transição a longo prazo. E o cenário “casa quente” é quando não são introduzidas mais políticas climáticas para além das que já existem.

Bancos mais pequenos em maior risco

Os analistas também investigaram se a dimensão do banco é um fator determinante nos resultados. Os bancos mais pequenos (ativos totais inferiores a 100 mil milhões de euros) apresentam a mediana mais elevada de perdas de crédito adicionais, bem como a maior dispersão de resultados.

A distribuição depende do horizonte temporal e do cenário. No curto prazo, espera-se que a maioria dos bancos registe perdas adicionais anuais entre 0pb e 50pb em todos os cenários.

No cenário ‘ordenado’, este intervalo mantém-se relativamente estável ao longo do tempo quando são excluídos os valores atípicos. No entanto, no cenário ‘desordenado’ e de “casa quente”, o intervalo aumenta consideravelmente, em especial para os bancos mais pequenos. “Acreditamos que este aumento da dispersão reflete o facto de os bancos mais pequenos terem modelos de negócio menos diversificados, e alguns centram-se nos segmentos de produtos mais sensíveis às alterações climáticas (PME, empresas) ou em geografias com maiores riscos climáticos (Europa do Sul)”, concluem os analistas.

Evitar bolsas de risco sistémico

Embora os bancos possam gerir o risco nos seus balanços e margens, a magnitude das perdas potenciais significa que terão de desenvolver planos de transição sólidos para se adaptarem à evolução das circunstâncias e mitigar os riscos associados às alterações climáticas, destaca a análise.

“A nossa análise apoia os esforços regulamentares em curso que visam aumentar a sensibilização dos bancos para os riscos relacionados com o clima, incluindo o seu mapeamento e indica a necessidade de uma maior gestão dos riscos climáticos”, refere o relatório, acrescentando que “a concentração geográfica das perdas necessita de um maior acompanhamento para evitar a formação de potenciais bolsas de risco sistémico”.

Redução do crescimento económico

Os países mais quentes do sul e do sudeste da Europa estão mais expostos aos efeitos das alterações climáticas, o que resultaria em maiores quebras do PIB e, por conseguinte, em maiores perdas de crédito perdas de crédito. Os bancos da Europa do sul e de leste apresentam também a maior dispersão, com alguns bancos moderadamente afetados e outros enfrentando potenciais riscos de crédito adicionais significativos.

As grandes variações no sul da Europa são o resultado de diferenças geográficas, que podem ser significativas, uma vez que os bancos operam frequentemente fora do seu mercado nacional e as suas carteiras de empréstimos podem incluir diferentes segmentos.

As alterações climáticas colocam “desafios estruturais significativos” às economias, que, segundo as projeções, irão reduzir o crescimento nas próximas décadas. As condições económicas adversas afetarão as instituições financeiras, introduzindo novos tipos de riscos que terão implicações de grande alcance para as carteiras de crédito, sublinha o relatório.

“Embora as instituições e os governos comecem a avaliar os impactes macroeconómicos dos riscos relacionados com o clima, a transmissão destes impactes não é ainda muito clara”, destaca a Scope Ratings.

 

 

 

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