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Bleap quer ser alternativa à banca tradicional e ter 5000 utilizadores diários em 2025

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A Bleap permite criar contas na blockchain para pagamentos e transferências instantâneas, sem comissões. Oferece cashback e rendimento de 4% a 5% nas contas. Foca-se em "stablecoins" como alternativa à moeda tradicional

27 Jan 2025 - 06:30

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Guilherme Gomes e João Alves, fundadores da Bleap | Foto: Bleap

Guilherme Gomes e João Alves, fundadores da Bleap | Foto: Bleap

“Fazer o que o teu banco faz, mas melhor”. Este é o “’pitch’ básico” que João Alves, cofundador da Bleap, apresenta ao Jornal PT50 sobre qual é o negócio e o objetivo da empresa que fundou com Guilherme Gomes, seu ex-colega na Revolut, por onde ambos passaram. Esta aplicação pretende criar contas diretamente na ‘blockchain’ que, depois de associadas a um cartão, permitem fazer pagamentos e transferências instantâneas, tal como uma conta bancária normal.

Após um encaixe de 2,2 milhões de euros em novembro, no âmbito da participação numa ronda de investidores, e olhando para o ano que agora começa, o engenheiro revela que “ficaria contente com 5000 utilizadores diários”. De momento, revela que a empresa que criaram em julho de 2023 já tem 6000 pessoas em lista de espera enquanto ainda está na fase de testes.

Para alcançar o objetivo referido, reconhece, precisaria de um ‘onboarding’ de 60 a 70 mil pessoas ao longo de 2025. Sobre o trajeto da empresa, conta que 2024 foi um ano de construir o produto e 2025 vai ser de provar a adequação do mesmo ao mercado.

Ambos ex-funcionários da Revolut, foi numas férias no México que as ideias começaram a tomar forma. Depois de trabalharem diretamente com cartões e pagamentos, explica, aperceberam-se que a maneira como se processam os pagamentos “é extremamente ineficiente” e acredita que “isto é uma consequência de um sistema construído em 1980” e que foi sendo elaborado com “camada sobre camada”. Por isso, começaram a pensar: “Como faríamos este sistema hoje? Assumindo que a ‘blockchain’ é o futuro do sistema financeiro, o que é que se pode construir hoje que prova que isto é verdade”?

Uma alternativa ao sistema bancário tradicional

Assim, com o objetivo de “voltar ao ethos da ‘blockchain’, que é criar uma alternativa real ao sistema bancário atual”,  os fundadores focaram-se em ‘stablecoins’. Estes criptoativos pretendem ter uma estabilidade superior a uma criptomoeda, tal como explica o Banco de Portugal no seu site. João Alves exemplifica: “Envias 100€ para uma fintech, que os guarda na sua própria conta bancária, e [esta] emite esse valor na ‘blockchain’. Isto são ‘stablecoins'”.

A ‘blockchain’ faz um melhor produto que a banca tradicional simplesmente porque é uma tecnologia mais recente e permite fazer as coisas de forma mais eficiente”, argumenta. No entanto, apesar de ser um mundo que interessava aos fundadores da Bleap, “era zero acessível ao consumidor normal de retalho”, admite João Alves.

Então, criaram algo que retira “barreiras à entrada e à saída” do dinheiro na ‘blockchain’, algo que “não existe ainda” porque, atualmente, “toda a gente cobra comissões”, esclarece o cofundador da Bleap, referindo-se a outras fintech. De forma mais elaborada e, ao mesmo tempo, resumida, a meta é “trazer para o mercado uma conta na ‘blockchain’ que faça melhor tudo o que a tua conta atual faz” e que “torne este dinheiro real e utilizável no dia a dia”, desde “pagar, transferir para os amigos, etc”.

Questionado sobre o que vai fazer um utilizador comum optar pelo seu serviço, João Alves não tem dúvidas em afirmar que tem em mãos “um produto muito superior”. “Comparado com o mercado, o nosso produto é significativamente mais barato”, reitera. Enumera algumas fintech que permitem investir em criptoativos, mas que têm uma comissão entre 1% e 2%, enquanto a Bleap cobra zero. Além de não cobrar, há ainda ‘cashback’ de 1% a 2% em compras feitas com o cartão associado à conta na Bleap.  Por fim, permite um retorno sobre o dinheiro depositado na carteira digital, na ordem dos “4% a 5%, em vez de 2% a 3% como no banco”, através de contas a prazo, por exemplo.

Como é que isto acontece? João Alves explica que os utilizadores da Bleap funcionam como ‘liquidity providers’ para a ‘blockchain’ e, quando outros fazem trocas dentro do sistema, têm de pagar comissões ao mesmo. No entanto, o sistema não tem necessidade de ficar com esse dinheiro, pois não há uma entidade, como um banco, para sustentar. Assim, essas receitas são canalizadas para os utilizadores que emprestaram o dinheiro.

O outro fator que João Alves enuncia como decisivo para que um utilizador opte pela sua plataforma é a rapidez e o UI – ‘user interface’ – da mesma. Exemplificando, através de outras aplicações, é necessário enviar o dinheiro à empresa, fazer lá a compra, que depois é enviada para a carteira digital no site e só depois é que o dinheiro aparece na ‘blockchain’, explica o ex-funcionário da Revolut. Este é um processo de 10 a 15 minutos, revela, mas que na Bleap é instantâneo. “Abres a aplicação e envias dinheiro que fica na carteira digital imediatamente. Em três segundos, já estás a gerar rendimento enquanto pagas zero”.

Sem comissões, onde está o rendimento da Bleap?

Após explicar o funcionamento da aplicação e realçar a ausência de custos para o utilizador como o fator que os destaca, surgiu a questão natural: como é que a Bleap faz dinheiro?

João Alves explica que não fazem “nada de especial” que exija cobrar dinheiro aos utilizadores. “Estamos a adicionar valor noutras áreas. Estamos a trazer DeFi – ‘decentralized finance’ – para um meio mais simples que qualquer pessoa possa utilizar”. É nas empresas que beneficiam do investimento dos clientes da Bleap que esta fintech se foca para encontrar parcerias que lhes tragam receitas.

Estas empresas são as que estão por detrás dos “robôs” que compõem a ‘blockchain’. O cofundador da Bleap ilustra o funcionamento da ‘blockchain’ com base nestes “robôs” que, esclarece, são um “código que é um ‘smart contract’” e estão programados para, por exemplo, trocar uma moeda.

“O robô é uma ‘vending machine’ que foi codificado para fazer isto: trocar A por B e vice-versa. O problema: ele tem de ter A e B para fazer as trocas, logo tem de estar cheio, tal como uma ‘vending machine’, e alguém tem de fazer ‘restock’. Isto é feito pelos utilizadores – os ‘liquidity providers’ – que lhe emprestam dinheiro. Sempre que ele faz as trocas, recebe uma comissão, que entrega aos utilizadores que emprestaram dinheiro. Assim, é possível colocar o dinheiro a render em DeFi”, demonstra João Alves.

Porquê ‘stablecoins’? Porquê uma aventura nova?

Questionado sobre o porquê de centrar o negócio em ‘stablecoins’ e não noutros criptoativos, João esclarece que, apesar de a especulação por ‘trading’ ser o único caso prático com provas dadas na ‘blockchain’, esta não o entusiasma. Reforça que a ideia de uma alternativa ao sistema tradicional é o que os motiva. Além disto, a especulação por ‘trading’ “já existe em mil e uma aplicações”.

A outra dúvida levantada é: o que leva dois funcionários da Revolut, que alcançou recentemente 50 milhões de clientes, a abandonar uma empresa em crescimento para uma aventura nova? A resposta do João foi simples e direta: “Engenheiros gostam de resolver problemas e é mais interessante resolver problemas nunca antes resolvidos do que resolver coisas já antes resolvidas de uma forma melhor”. “Fazer coisas difíceis é a motivação”, conclui.

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