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Christine Lagarde apela à união dos mercados de capitais para fortalecer a Europa
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A presidente do Banco Central Europeu defende a união para fazer face a um ambiente geopolítico “que se tornou menos favorável” e perante a desvantagem em ternos de inovação em relação aos EUA.
22 Nov 2024 - 10:06
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Foto: Christine Lagarde | Parlamento Europeu
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Foto: Christine Lagarde | Parlamento Europeu
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) apelou, nesta sexta-feira, à união dos mercados de capitais europeus, para fortalecer a Europa face a um ambiente geopolítico “que se tornou menos favorável, com ameaças crescentes ao comércio livre vindas de várias partes do mundo” e perante a perca de competitividade face aos Estados Unidos. “O declínio da Europa em termos de inovação tornou-se mais evidente. O fosso tecnológico entre os Estados Unidos e a Europa é agora inconfundível”, referiu Christine Lagarde no 34º Congresso Europeu da Banca, que tem lugar em Frankfurt, na Alemanha.
Para a presidente do BCE, a união dos mercados de capitais “está no cerne de todos estes desafios”. Num discurso para os altos dirigentes do setor bancário europeu, Lagarde frisou que esta união “é fundamental” para tornar a economia europeia mais dinâmica e tecnologicamente avançada. “Embora os bancos desempenhem um papel essencial na economia europeia, sabemos que mercados de capitais integrados são necessários para financiar a inovação pioneira e em fases iniciais”, referiu. E acrescentou: “É essencial para nos tornar mais resilientes num mundo económico fragmentado. Os mercados de capitais são o elo em falta para os europeus converterem as suas elevadas poupanças em maior riqueza, o que, por fim, permitirá que gastem mais e fortaleçam a procura interna”.
No entanto, esta “urgência crescente” não se traduziu ainda em progressos concretos na implementação da união dos mercados de capitais, uma vez que a sua execução “permanece vagamente definida”. Largarde recordou que, desde 2015, houve mais de 55 propostas regulatórias e 50 iniciativas não legislativas. Porém, “esta amplitude veio à custa da profundidade. Isso permitiu que a união de mercados de capitais fosse desmantelada por interesses nacionais que veem iniciativas específicas como uma ameaça”, criticou a presidente do BCE. Por isso, apelou à concentração de todos para exporem as ineficiências centrais do sistema e identificarem um menor número de iniciativas com maior retorno.
Pouca confiança nos mercados
Segundo o BCE, os europeus em média poupam 13% do seu rendimento, um valor mais alto do que nos EUA, que se cifra nos 8%. Porém, tipicamente, os europeus preferem produtos de poupança de baixo risco e elevada liquidez. Na Europa, aproximadamente €11,5 biliões estão depositados em numerário e depósitos, o que representa um terço dos ativos financeiros totais das famílias. Nos Estados Unidos, esta proporção é de apenas um décimo, indicou Lagarde. “Isto tem duas consequências principais para a nossa economia. Primeiro, as famílias europeias são muito menos ricas do que poderiam ser. Desde 2009, a riqueza das famílias nos EUA cresceu cerca de três vezes mais do que a das famílias na EU. E, segundo, o fluxo de poupanças para os mercados de capitais é muito inferior ao seu potencial”, explicou a presidente do BCE.
Segundo análises do BCE, se as famílias da UE alinhassem a sua proporção de depósitos face aos ativos financeiros com a dos Estados Unidos, poderia ser redirecionado um stock até €8 biliões para investimentos de longo prazo baseados no mercado ou um fluxo de cerca de €350 mil milhões anuais. Perante este cenário, o motivo pelo qual os europeus não diversificam os seus ativos é, segundo Lagarde, porque “o investimento a retalho na Europa é fragmentado, opaco e caro”.
Christine Lagarde criticou que “em muitos países investir é um processo complexo e intermediado por consultores financeiros nos quais as pessoas nem sempre confiam. Cerca de 45% dos consumidores dizem não estar confiantes de que o aconselhamento que recebem é realmente no seu melhor interesse. E, quando as famílias investem, muitas vezes não obtêm as melhores condições. Os investidores em fundos mútuos europeus, por exemplo, pagam quase 60% mais em comissões do que os seus homólogos americanos”. Por isso, anuiu, “muitos europeus acabam por investir em contas-poupança garantidas, por padrão”.
Para desenvolver o mercado de capitais, Lagarde sublinhou que é necessário criar mercados mais competitivos para as famílias terem acesso a produtos acessíveis, transparentes e económicos.
Por fim, Lagarde referiu também que “é preciso desbloquear o potencial inovador da Europa, é necessário que o financiamento flua para onde estão as melhores ideias”. Porém, também aqui existem obstáculos, pois “o capital na Europa está preso dentro de fronteiras nacionais ou segue para os Estados Unidos. Por exemplo, mais de 60% dos investimentos em ações por parte das famílias europeias acontecem dentro de seus próprios países. Já os investidores institucionais investem muito mais nos mercados dos EUA do que na própria EU”, criticou.
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