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“Sistema financeiro precisa de estar forte para apoiar investimento verde”
O vice-presidente do Banco Central Europeu alerta para os riscos financeiros da transição energética e para o papel dos bancos como financiadores desta transição.
02 Jan 2025 - 13:14
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Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu
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Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) defende que alcançar a neutralidade carbónica na União Europeia até 2050 exige um setor financeiro resiliente, capaz de financiar as transformações necessárias. “O sistema financeiro precisa de estar forte para enfrentar os riscos de transição e apoiar o investimento verde”, sublinhou Luis de Guindos numa publicação do BCE.
“A consecução de uma União Europeia neutra em termos de carbono até 2050 exigirá um setor financeiro resiliente que forneça o financiamento para o investimento necessário. Por outras palavras, o sistema financeiro tem de ser suficientemente forte para financiar a transformação ecológica da nossa economia”, referiu na mesma comunicação.
Alertou para um “caminho acidentado” e com riscos ao longo do percurso. “Estes riscos surgem quando as empresas e as instituições financeiras têm de adaptar os seus modelos de negócio e as suas operações a alterações na regulamentação, no comportamento dos consumidores ou nas preferências dos investidores – por vezes, muito rapidamente”.
Testes de stress avaliam resiliência
Para garantir que o sistema financeiro consegue fazer face a estes riscos, a Comissão Europeia solicitou ao BCE e às Autoridades Europeias de Supervisão que utilizassem os seus modelos de teste de esforço para avaliar o impacto da transição ecológica no conjunto do sistema financeiro da área do euro. Assim, o BCE, em colaboração com autoridades europeias, realizou testes de stress em bancos, fundos de investimento e seguradoras para avaliar o impacto de riscos climáticos em três cenários distintos, todos alinhados com o pacote “Fit-for-55”, que visa reduzir emissões de carbono em 55% até 2030 e alcançar a neutralidade carbónica em 2050.
Os resultados mostram perdas moderadas em condições normais, mas impactos graves em caso de recessão combinada com um cenário em que os investidores abandonam empresas ambientalmente insustentáveis.
Apesar das perdas substanciais, Guindos destaca que “a estabilidade financeira geral não está em risco”, mas advertiu para a necessidade de gestão eficaz dos riscos climáticos. “Uma abordagem política coordenada é essencial para garantir o financiamento da transição verde”, reforçou.
Como os bancos são afetados
No que respeita ao setor bancário, as conclusões mostram que os bancos devem poder continuar a financiar empresas durante a transição ecológica. No entanto, sublinha, “quando condições económicas gravemente adversas são combinadas com riscos relacionados com o clima – tal como modelizado pelo segundo cenário adverso -, a nossa análise indica que os empréstimos a estas empresas poderão cair até 11% ao longo do período de oito anos”, explica. Tal resultaria do facto de “os bancos tentarem restaurar a sua posição de solvência depois de os seus balanços terem sido afetados por perdas maiores e pela recessão”, acrescenta.
Os bancos são afetados de forma diferente em cada cenário, com os mais expostos aos setores de energia intensiva a registarem maiores quedas nos volumes de empréstimos devido ao efeito de “run-on-brown”. Nos dois cenários adversos, , explica, “os bancos poderão ter de aumentar os empréstimos aos setores com utilização intensiva de energia mais do que aos setores com menor utilização intensiva de energia, para que as empresas suas clientes possam satisfazer as suas necessidades de investimento verde”.
Assim, na opinião do vice-presidente do BCE, “as políticas devem adotar uma perspetiva abrangente sobre a forma de apoiar as empresas e os setores”. Deve também, na sua perspetiva, “envolver todos os intermediários e mercados financeiros para garantir a satisfação das necessidades de financiamento da nossa economia. Os segmentos do mercado financeiro fora do setor bancário, como o capital de risco, podem ser particularmente eficazes quando se trata de financiar empresas inovadoras e de apoiar projetos de tecnologias verdes”, conclui.
O BCE enfatiza que continuar a monitorizar os riscos e a colaboração entre instituições europeias será vital para prevenir impactos sistémicos e assegurar o financiamento adequado.
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