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Qual o impacto da saída de grandes bancos dos EUA da Net Zero Banking Alliance?

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Em poucas semanas, cinco bancos norte-americanos abandonaram a iniciativa das Nações Unidas que visa alinhar os investimentos bancários com os esforços globais de descarbonização, questionado a sua viabilidade.

08 Jan 2025 - 07:02

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Foto: Freepik

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A saída dos maiores bancos dos Estados Unidos da Net Zero Banking Alliance (NZBA) está a levantar dúvidas sobre o futuro desta iniciativa das Nações Unidas que visa alinhar os investimentos bancários com os esforços globais de descarbonização.

O êxodo, iniciado em dezembro de 2024 com o Goldman Sachs e seguido por instituições como Wells Fargo, Citi, Bank of America e Morgan Stanley, coincide com a iminente posse do presidente Donald Trump, conhecido pela postura cética em relação às alterações climáticas.

À revista The Banker, Patrick McCully, analista sénior da Reclaim Finance, ONG dedicada a transformar o setor financeiro para combater as alterações climáticas, atribuiu a decisão a um movimento preventivo contra possíveis ataques do novo governo e dos seus aliados. “Eles não querem ser alvo de discursos nas redes sociais, e os seus CEO não querem ser repreendidos em comités do Congresso”, explicou McCully, minimizando as ameaças ‘antitrust’ como causa principal para este abandono. Recorde-se que, na perspetiva dos Republicanos dos EUA, os compromissos climáticos dos bancos podem pôr em causa as economias locais, sobretudo aquelas mais dependentes de combustíveis fosseis.

Também Hetal Patel, chefe de Pesquisa de Investimentos Sustentáveis da gestora de ativos Phoenix Group, sugere que os bancos preferem evitar controvérsias públicas. “Eles tomaram a decisão de serem vistos como o mais neutros possível”, comentou, destacando a influência política como um fator crucial.

De salientar que JPMorgan é o último grande banco norte-americano ainda a fazer parte da aliança. Os restantes membros americanos desta aliança climática são mais pequenos, nomeadamente o Amalgamated Bank, o Areti Bank e o Climate First Bank.

Bancos europeus mantêm-se firmes

Do lado europeu, o compromisso mantém-se. Segundo a The Banker, os bancos europeus, que compõem a maior parte dos 142 membros restantes da NZBA, uniram-se em torno da aliança. O Standard Chartered declarou que “esta não é uma questão que estamos a debater”, enquanto o ING destacou a necessária colaboração para apoiar a transição climática e criar mais impacto.

Kevin Leung, do Institute for Energy Economics and Financial Analysis, enfatizou que o papel da NZBA permanece crítico para estabelecer padrões globais. No entanto, Hetal Patel reconheceu que a saída dos gigantes dos EUA enfraquece a aliança, mesmo com um número crescente de signatários globais.

Curiosamente, com os bancos dos EUA fora de cena, espera-se que os bancos europeus — que estão sujeitos a regulamentações climáticas mais rigorosas da UE — desempenhem um “papel mais proativo” dentro da aliança para impulsionar a coordenação global na gestão de riscos financeiros relacionados com o clima.

Embora os bancos dos EUA estejam a sair, no geral, a aliança viu mais signatários juntarem-se no ano passado, com novos membros vindos da Austrália, Itália, Grécia, Reino Unido e Noruega, de acordo com o membro da NZBA, Triodos Bank, observando que o número de membros mais que triplicou nos últimos quatro anos.

“Enquanto não virmos a politização contínua do ESG e da agenda climática a espalhar-se [para fora dos EUA], espero que a NZBA continue a crescer na Europa, mas mais ainda na Ásia, onde há uma adoção crescente”, diz Patel.

Will van de Pol, CEO da Market Forces, acredita, por sua vez, que “se os atores obstinados não estiverem mais no grupo, a iniciativa pode tornar-se mais ousada para alinhar as suas atividades com as metas climáticas”. Relatos de tensões internas entre bancos europeus e americanos reforçam essa perspetiva, com McCully a apontar que os últimos frequentemente bloqueavam medidas mais assertivas.
Apesar das saídas, bancos como Morgan Stanley e Citi reafirmaram o seu compromisso com o objetivo de emissões líquidas zero. No entanto, Jeanne Martin, da ShareAction, alertou que é preciso garantir que os membros da aliança eliminam progressivamente os combustíveis fósseis, além de mobilizar capital para a transição.

O que está em jogo, segundo especialistas, é a capacidade de a NZBA permanecer relevante e influente sem o apoio dos maiores financiadores de combustíveis fósseis do mundo. Como afirmou McCully, “o que se deve observar é se eles enfraquecem as suas metas [de redução de emissões] nos seus relatórios anuais”.

Com as atenções voltadas para a próxima reunião do grupo de direção da NZBA, resta saber se a aliança conseguirá adaptar-se e reforçar os seus objetivos ou se ficará à mercê de novas pressões políticas globais.

 

 

 

 

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