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Bancos americanos reavaliam compromissos climáticos após eleição de Trump

Por outro lado, apesar do movimento crescente ant-ESG e da eleição de governos mais conservadores na Europa, os bancos europeus continuam a melhorar as suas políticas climáticas.

20 Dez 2024 - 09:54

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Foto: Freepik

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Grandes bancos dos Estados Unidos, como Goldman Sachs e Morgan Stanley, estão a recuar em compromissos climáticos, citando desafios políticos e dificuldades de alinhamento com padrões globais voluntários, de acordo com uma análise publicada pela revista The Banker.

Este movimento ocorre após a eleição de Donald Trump para um segundo mandato. Por outro lado, os bancos europeus mantêm ou ampliam as suas políticas climáticas, impulsionados por um quadro regulatório mais forte e menos contestação política, apesar de também se sentir um crescente escrutínio e sentimento anti-ESG (sigla para ambiental, social e governação).

Retrocesso nos EUA

Os bancos americanos têm enfrentado duras críticas por reverem os seus compromissos climáticos. O Goldman Sachs, por exemplo, anunciou em dezembro a sua saída da Net Zero Banking Alliance (NZBA), organização comprometida em apoiar a transição climática.

Sem explicar diretamente a decisão, o banco declarou que continua “focado nos padrões de sustentabilidade cada vez mais elevados impostos por reguladores em todo o mundo” e que as suas prioridades permanecem apoiar os clientes nas metas de sustentabilidade.

No entanto, organizações como a Stand.earth acusam o Goldman Sachs e outros bancos americanos de retrocederem em compromissos cruciais. “Ao encerrarmos o ano mais quente já registado, os bancos estão a mostrar a sua verdadeira face: abandonar metas globais de clima e as comunidades afetadas por desastres naturais sem precedentes,” criticou Hannah Saggau, especialista em finanças climáticas da Stand.earth, em declarações à The Banker.

Já o Morgan Stanley expandiu recentemente a faixa de temperatura dos seus objetivos intermediários, incluindo uma meta de aquecimento de 1,7°C, acima do limite de 1,5°C acordado em Paris. Em resposta, 20 organizações não-governamentais, incluindo a Rainforest Action Network e a BankTrack, enviaram uma carta ao grupo de direção da NZBA, ao GFANZ e à ONU, apelando para que a aliança “mantenha firme” o requisito de alinhar metas ao limite de 1,5°C.

Michael Mann, cientista climático e diretor do Penn Center for Science, Sustainability and the Media, criticou a decisão dos bancos americanos, afirmando que ela reflete uma “falta de responsabilidade fiduciária” em evitar os danos causados pelos investimentos em combustíveis fósseis. Segundo Mann, “o verdadeiro problema é o impacto devastador que uma nova administração Trump terá sobre a ação climática.”

Os desafios da Europa

Enquanto isso, os bancos europeus, têm seguido um caminho diferente, avançando nas suas políticas climáticas. Jeanne Martin, da ShareAction, destacou que “apesar do movimento crescente contra ESG e da eleição de governos mais conservadores na Europa, os bancos europeus continuam a melhorar as suas políticas climáticas e, por vezes, até estabelecem novos padrões.”

A regulamentação robusta na Europa, como as regras contra ‘greenwashing’ da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido e a Diretiva de Diligência de Sustentabilidade Corporativa da UE, tem ajudado a manter o compromisso climático. Contudo, Martin alertou que os bancos europeus têm, ao mesmo tempo, pressionado contra melhorias regulatórias cruciais, o que pode comprometer a velocidade e a escala da transição.

A RThe Banker destaca que a recente saída de Celine Herweijer, diretora de sustentabilidade do HSBC, da estrutura executiva do banco levantou dúvidas sobre a prioridade do clima nas estratégias de crescimento. Embora o HSBC tenha reafirmado o seu compromisso com a transição para a neutralidade carbónica, Martin sublinhou que a instituição precisa de demonstrar que a sustentabilidade é compreendida em todos os níveis de liderança.

Dilema global

Como alcançar as metas climáticas enquanto se promove um crescimento económico robusto e a criação de empregos? Segundo Sonja Gibbs, do Instituto de Finanças Internacionais, a atual conjuntura política nos EUA e as tensões regulatórias na Europa complicam ainda mais a implementação de metas climáticas ambiciosas, especialmente para 2030.

A análise da The Banker destaca que o futuro da transição climática está em risco devido à falta de consenso político e à relutância de alguns bancos em assumir lideranças firmes. “Se queremos alcançar um mundo que limite o aquecimento global a 1,5°C, não podemos permitir um retrocesso em compromissos cruciais,” concluiu Hannah Saggau.

 

 

 

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