O presidente do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) apela aos líderes do G20 para implementarem integralmente as reformas acordadas.

Numa carta aberta, Klaas Knot recorda que “os episódios de turbulência nos mercados e a falência de vários bancos e instituições não bancárias nos últimos anos recordam-nos claramente que continuam a existir vulnerabilidades no sistema financeiro mundial. E à medida que o sistema financeiro evolui, estão a surgir novos riscos”.

Por isso, o presidente do FSB refere que “é imperativo que os decisores políticos se mantenham a par” e implementem as reformas necessárias à estabilidade do sistema financeiro.

Reconhece, no entanto, que, ao longo do ano passado, o FSB registou progressos significativos nas reformas destinadas a resolver as principais vulnerabilidades do sistema financeiro. Também reconhece a concertação nas mudanças estruturais do sistema financeiro “que se tornaram cada vez mais importantes para a estabilidade financeira”.

Porém, adverte que “desenvolver políticas não é suficiente”, pelo que, na sua perspetiva, um claro desafio atual é o facto de as reformas financeiras acordadas ainda não terem sido totalmente implementadas. “Num contexto de elevados níveis de dívida pública e privada e de crescimento modesto do PIB, o mundo não pode permitir-se a instabilidade financeira. Temos de redobrar os nossos esforços combinados para garantir um sistema financeiro mundial estável, capaz de financiar a economia sem recorrer a apoios extraordinários”, refere na mesma carta.

Para se atingir este objetivo, refere Klaas Knot, é necessário aplicar políticas coerentes a nível mundial. “Só será possível realizar progressos rápidos com o vosso apoio político”, sublinha.

A carta, dirigida aos líderes do G20 a propósito da sua reunião no Rio de Janeiro a 18 e 19 de novembro, é acompanhada pelo Relatório Anual do FSB , que descreve o trabalho do FSB para promover a estabilidade financeira global.

É dado o alerta sobre vulnerabilidades contínuas no sistema financeiro global, ilustradas por episódios recentes de turbulência de mercado e pela falência de vários bancos e não bancos nos últimos anos.

É ainda enfatizada a importância da implementação efetiva das políticas do FSB, referindo que as autoridades não devem apenas colocar as políticas em leis e regulamentações nacionais, mas também desenvolver a capacidade de operacionalizá-las. Esta mensagem é reiterada no Relatório Anual de 2024 do FSB. Este rastreia a implementação de reformas regulatórias pelas jurisdições membros do FSB, observa o progresso desigual nas principais reformas regulatórias do G20, incluindo as reformas finais de Basileia III e as reformas de intermediação financeira não bancária (NBFI).

A carta observa ainda o potencial da digitalização para trazer maiores eficiências. O FSB também examinou as implicações de estabilidade financeira do uso de inteligência artificial (IA) no sistema financeiro. Embora se observe que as estruturas de políticas existentes abordam muitas vulnerabilidades relacionadas com a IA, o FSB diz que trabalhará com autoridades nacionais e outros órgãos internacionais para monitorizar o uso de IA no sistema financeiro e avaliar se as estruturas existentes são suficientes. O mesmo com a exposição global a riscos financeiros relacionados com clima que estão em crescendo.