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Trump e o poder dos mercados: pela boca morre o peixe?

Autor

Editorial de Cristina Dias Neves

28 Fev 2025 - 16:22

3 min leitura

Acredito no poder dos mercados e estou convencida de que vão acabar por ser os mercados a destruir Trump. Não vai ser o eleitorado americano, não vai ser o poder judicial, não vão ser as eleições, vai ser um impacto financeiro nos bolsos dos seus eleitores. Também arrisco adivinhar que serão as criptomoedas as causadoras do seu descrédito. Como aconteceu recentemente com o argentino Milei, que, num post a defender uma criptomoeda argentina, ía perdendo toda a reputação que tinha conseguido angariar no último ano.

E se o presidente americano conseguir criar as condições para que as criptomoedas estejam na Reserva Federal, a par de outros ativos tradicionais, ainda ficarei mais convencida deste desfecho. Espero, contudo, que não seja preciso chegar esse dia, pois se assim for a crise vai ser grave para todos.

Antes disso acontecer, a racionalidade dos mercados ainda irá reagir ao impacto de uma política isolacionista, baseada na falta de solidariedade internacional e na utilização de tarifas alfandegárias, como aliás já estamos a assistir.

Apesar de acreditar que são essencialmente os mercados a definir o curso dos acontecimentos, paradoxalmente, parece que quando se trata do sistema financeiro europeu não é bem assim. E passo a explicar:  se os decisores dos países europeus seguissem a racionalidade económica, não existiriam resistências a fusões e aquisições bancárias transfronteiriças. Faria todo o sentido criar grandes bancos supranacionais, com economias de escala, muito capital, para poder concorrer com os americanos nos grandes negócios, as grandes estruturas de financiamento e as Bigtech nos serviços. Mas cada vez mais parece óbvio que isso não acontece e também parece que é pacificamente aceite por todos.

Curiosamente, no segundo quartel do século XXI, 68 anos após o Tratado de Roma, consideramos mais natural ter mais de um terço do sistema financeiro de um país nas mãos do Estado do que ter 45% na mão de «espanhóis» ou outros europeus. Acredito que o Presidente da Caixa – que fez este comentário sobre os “espanhóis” a propósito do interesse da Caixa no Novo Banco – o tenha feito em jeito de ironia, mas não deixa de refletir um sentimento de rejeição ao “estrangeiro” no sistema financeiro, que parece ser transversal a todos. Basta observar as parcas reações ao que foi dito. E observar o que se passa na Europa em geral, como, por exemplo, a reação dos alemães quando se sentiram ameaçados pela perspectiva de uma aquisição do seu Commerzbank por um banco italiano.

Sem olhar para este tema de frente, só me resta concluir que a criação de grandes bancos europeus é uma utopia. “Só obrigados”, como dizia Andreas Orcel, o CEO do UniCredit, a propósito da venda adiada da sua sucursal russa.

Mas quando chegar o momento de sermos obrigados… provavelmente já não vão ser os europeus, mas sim os chineses ou outros extraeuropeus que nos poderão comprar.

A racionalidade económica paroquial, que acredita nas relações e na proximidade como base dos bons negócios, ganha quando confrontada a racionalidade económica europeia.

Mais vale esquecer os grandes bancos europeus. Só se forem obrigados.

 

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