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Mediobanca rejeita oferta do MPS considerando-a “destrutiva”
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O Mediobanca rejeitou a oferta do Monte dei Paschi di Siena, citando falta de valor e riscos altos. A operação pode prejudicar clientes e receitas e não há sinergias entre os bancos, argumenta.
28 Jan 2025 - 15:45
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O Conselho de Administração do Mediobanca já reuniu e comunicou a sua decisão de rejeitar a oferta pública de aquisição do Monte dei Paschi di Siena (MPS), feita na passada sexta-feira, dia 24. O banco de investimento italiano considera que a oferta é “desprovida de racionalidade industrial e financeira e é, portanto, destrutiva” para o banco.
No seu comunicado, o Mediobanca justifica de forma detalhada a sua decisão. O banco considera não haver valor industrial na oferta e que esta coloca em causa a identidade e o perfil empresarial da empresa. A par disto, preveem que esta operação significaria uma perda para os acionistas de ambas as instituições, dada a probabilidade de perda de clientes nos segmentos em que o banco se destaca.
Mais ainda, o Mediobanca argumenta que é difícil determinar o valor intrínseco das ações do MPS por este ter capitais próprios que enfrentam ativos fiscais, NPL e riscos de litígio “substanciais” na ordem dos 3,3 mil milhões de euros. O banco toscano é acusado de ter “indicadores de risco piores do que os de outros bancos italianos”. Neste sentido, o banco sublinha a volatilidade das ações do MPS no último ano, realçando que, considerando o valor a 27 de janeiro e a oferta feita, este representava um desconto de 3%.
Para o Mediobanca, esta operação ia resultar num enfraquecimento do seu modelo de negócio, dado que que não veem sinergias entre a prestação de serviços de banca de investimento e banca comercial, que consideram, pelo contrário, afetar o discernimento de quem presta estes serviços. O banco estima que grandes clientes institucionais iriam abandonar o banco e migrar para outras entidades especializadas internacionais. A esta perda de clientes, o Conselho de Administração acrescenta a perda do melhor talento da instituição e ainda uma ausência de sinergias no campo dos custos pela falta de sobreposição entre as redes de distribuição de ambos os grupos.
O comunicado do banco denota também um impacto negativo nas receitas pois, ao contrário das previsões dos analistas relativas ao Mediobanca, espera-se um declínio nas receitas do MPS. Estas devem-se à redução da margem financeira, ao aumento de custos e à redução dos benefícios fiscais.
A tudo isto, a entidade financeira acrescenta a questão da estrutura acionista, que conta com vários atores semelhantes na composição de ambas as instituições e ainda outras de relevo na economia italiana. Destacam-se a Delfin e o empresário Caltagirone. A primeira detém cerca de 20% do Mediobanca e 10% do MPS, enquanto o segundo possui 7% do Mediobanca e 5% do MPS. Além disto, Caltagirone é também dono de 3,5% da Anima Holding – que, por sua vez, detém 4% do MPS – e 2% do BPM. Este último é dono de 22% da Anima Holding. Por fim, é possível encontrar estas entidades todas na estrutura da seguradora Generali, onde o Mediobanca é o maior acionista, com 13%, seguido da Delfin, com 10%, e Caltagirone, que detém 7%.
Esta dispersão de ações e sobreposição de acionistas faz o banco acreditar num possível conflito de interesses.
Assim, o Mediobanca reforça que se encontra focado em executar o seu plano estratégico de “Uma Marca – Uma Cultura”, planeado para o quadriénio 2023-2026. Este plano é baseado em priorizar crescimento no segmento de ‘Wealth Management’ e criar sinergias entre este e a divisão de Corporate & Investment Banking. Paralelamente, a instituição ambiciona contribuições altas e sustentáveis de ‘Consumer Finance’ e Seguros, aliadas a uma remuneração dos acionistas marcada por níveis altos de criação de valor.
O MPS lançou uma oferta pública de aquisição sobre o Mediobanca de 13,3 mil milhões de euros, em que oferecia 2,3 ações suas por cada uma do banco de investimento. Esta operação veio contribuir para a onda de consolidação da banca italiana – marcada por várias ofertas sobre bancos nos últimos meses – e contou com o apoio do Governo italiano, que está a tentar reprivatizar o banco mais antigo do mundo, após este ter sido alvo de resgate financeiro em 2017.
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